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Diários de uma Apotecária - Capítulo 29

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“A carta da Consorte Gyokuyou?”

“Sim. Disseram-me para entregá-la pessoalmente.”

“Receio que Lady Ah-Duo esteja tomando chá no momento…” Fengming, a rechonchuda chefe das damas de companhia de Ah-Duo, olhou para Maomao com certa culpa.

Maomao abriu a pequena caixa de madeira que carregava. Normalmente, poderia conter um bilhete, mas desta vez guardava um pequeno frasco com a trombeta vermelha de uma flor. Um aroma doce e familiar escapou dali. Maomao viu Fengming estremecer; ela certamente reconhecera a flor.

Então eu estava certa? Maomao empurrou o frasco para o lado, revelando um pedaço de papel onde estavam escritas algumas palavras exatas que ela suspeitava que Fengming conhecia perfeitamente.

“Gostaria de falar com a senhora, Lady Fengming.”

“Muito bem.”

Gosto das espertas, pensou Maomao. A conversa rende mais rápido.

Fengming, com o rosto tenso, conduziu Maomao para dentro do Pavilhão Granada.

Os aposentos pessoais de Fengming tinham a mesma planta dos de Hongniang, mas tudo que possuía estava empilhado em um canto. Parecia pronta para partir.

É, confere. Maomao e Fengming sentaram-se frente a frente diante de uma mesinha redonda. Fengming serviu chá de gengibre quente; na mesa, havia um pote com pequenos pães duros, cobertos de mel de frutas.

“Então, o que a traz aqui? Já terminamos toda a limpeza, se é isso que veio verificar.” A voz era suave, mas havia nela uma ponta de cautela. Sabia por que Maomao viera — só não seria a primeira a tocar no assunto.

“Quando será sua mudança?” Maomao indicou os pertences empilhados.

“É muito perceptiva.” A voz de Fengming gelou de imediato.

A “limpeza de primavera” não passava de pretexto. Para que uma nova consorte fosse instalada antes das saudações formais do novo ano, Ah-Duo teria de deixar o Pavilhão Granada. Consortes incapazes de gerar filhos não tinham lugar no harém imperial. Nem mesmo aquelas que haviam acompanhado o Imperador por tantos anos. E ainda menos quando, como Ah-Duo, não tinham um clã poderoso por trás.

Até agora, o fato de Ah-Duo ter sido irmã de leite do Imperador a protegera — um vínculo mais profundo que laços de sangue. Talvez, se o príncipe que ela dera à luz tivesse sobrevivido, pudesse ainda erguer a cabeça.

Tenho minhas suspeitas sobre ela. Ah-Duo tinha uma beleza de traços firmes, quase masculinos; faltava-lhe o ar habitual de delicadeza. Se uma mulher pudesse se tornar eunuco, talvez tivesse aquela mesma aparência. Maomao detestava concluir algo apenas por suposição — mas havia coisas óbvias demais para ignorar.

“A consorte Ah-Duo já não pode gerar filhos, pode?”

Fengming permaneceu em silêncio, mas o silêncio bastava. Seu rosto ficou ainda mais duro.

“Aconteceu algo durante o parto, não foi?”

“Isto não lhe diz respeito.” A dama de companhia entrecerrou os olhos. Já não havia traço algum da mulher gentil de antes; apenas hostilidade reprimida.

“Na verdade, diz. O médico que atendeu o parto foi meu pai adotivo.” Maomao afirmou o fato sem emoção. Fengming se levantou num pulo.

O quadro médico do harém vivia desfalcado; até o charlatão que ocupava a função agora conseguia se manter no posto. O motivo era simples: quem tinha habilidade real — conhecimento médico de verdade — não precisava virar eunuco. Era fácil empurrar o trabalho para o velho esquisito que era seu pai.

“A infelicidade da consorte Ah-Duo foi ter entrado em trabalho de parto no mesmo dia que o irmão mais novo do Imperador. Pesando os dois nas balanças do palácio, ficou claro qual nascimento consideraram mais importante.”

O bebê sobrevivera ao parto difícil, mas Ah-Duo perdera o útero. Depois, o menino morrera ainda pequeno. Alguns diziam que fora o mesmo pó tóxico que matara o príncipe de Consort Lihua. Maomao discordava. Uma mãe de príncipe jamais teria usado algo tão perigoso sob a vigilância de seu pai.

“A senhora se sente responsável pelo que ocorreu, Lady Fengming? Quando Ah-Duo ficou incapacitada após o parto, foi a senhora quem cuidou do bebê…”

“Bem.” Fengming soltou um riso curto e seco. “Você realmente juntou todas as peças, não é? Mesmo sendo filha do charlatão inútil que não conseguiu salvar Lady Ah-Duo.”

“Sim. Mesmo assim.” Sua família aceitava responsabilidades — era como seu pai a criara. “Você sabe que aquele charlatão impediu sua senhora de usar qualquer pó de rosto com chumbo. E a senhora era esperta demais para dar ao menino algo tão letal.” Maomao abriu o pequeno frasco. Dentro, mel dourado brilhava. Ela colocou a flor vermelha na boca.

O mel era doce. Ela retirou a pétala, brincando com ela entre os dedos. “Há muitas plantas venenosas. Acônito, azaleia. E o veneno também aparece no mel das abelhas que visitam essas flores.”

“Estou ciente.”

“Imagino que sim.” Uma família de apicultores certamente entenderia isso. Se o veneno fazia mal a um adulto, imagine a uma criança. “Mas a senhora não sabia que alguns méis carregam toxinas que só afetam crianças.”

Não era suposição. Era fato. Raro, mas real: havia venenos que só atingiam pequenos, por causa da menor resistência.

“A senhora provou e ficou bem, então achou que o menino também ficaria. Mas aquilo que deveria fortalecê-lo o fazia definhar, e a senhora jamais percebeu.”

Então o filho de Ah-Duo morrera. Causa desconhecida.

Luomen — o pai de Maomao, o médico-chefe na época — foi culpado pelo parto difícil e pela morte. Por isso, baniram-no e, como punição maior, retiraram-lhe o osso de um dos joelhos.

“A última coisa que queria era que sua senhora descobrisse. Que soubesse que foi por sua causa que perdeu o único filho que teria na vida.” Maomao continuou. “Então tentou afastar Consort Lishu.”

No reinado anterior, Lishu e Ah-Duo eram muito próximas — Ah-Duo parecia nutrir um grande afeto pela garota. Talvez mantivesse Lishu perto para evitar que o Imperador tomasse a jovem para si. Um tipo estranho de simbiose entre uma mulher incapaz de dar à luz e uma jovem separada cedo dos pais.

Até que, de repente, Ah-Duo deixou de recebê-la. Lishu tentava visitá-la, mas sempre era enxotada por Fengming. Depois, veio a morte do Imperador, e Lishu retirou-se para um convento.

“Consort Lishu disse à senhora, não foi? Avisou que o mel podia ser venenoso.” E se continuasse visitando, poderia acabar revelando mais. Ah-Duo era inteligente; bastaria isso para montar todo o quadro. Era isso que Fengming temia.

Mas Lishu retornara ao harém. E sua presença agora ameaçava o segredo.

Do outro lado da mesa, Fengming já não tinha traço algum de serenidade. Seu olhar era gelo puro. “O que deseja?”

“Nada.” Mas Maomao sentiu um arrepio na nuca. O cutelo usado para cortar os pães estava logo atrás de Fengming. Simples, mas suficiente para ameaçá-la. E ao alcance daquela mulher.

“Qualquer coisa,” murmurou Fengming, com uma doçura perigosa.

“A senhora sabe perfeitamente que essa oferta é vazia.”

Um sorriso sem alma curvou os lábios de Fengming. Havia algo ali, soterrado por muitos anos.

“Diga-me… Sabe o que importa mais para a pessoa que lhe importa mais?” A voz saiu suave, perigosa.

Maomao balançou a cabeça. Não sabia. Sobre coisas ou pessoas, era ignorante.

“Pois eu tirei isso dela,” disse Fengming. “Roubei o filho que ela amava mais que qualquer pedra preciosa.” Desde o dia em que entrara a serviço de Ah-Duo, soubera que não serviria outra pessoa. A força de espírito da consorte era rara. E Fengming a reverenciava profundamente. Ao lembrar, sorriu — um sorriso quebrado.

“Lady Ah-Duo me disse algo, naquela época. Disse que seu filho apenas seguira a vontade do céu. Que não era algo para nós nos atormentarmos.” Crianças raramente sobreviviam até sete anos. A menor febre podia matá-las. “E mesmo assim, todas as noites eu a ouvia chorar.” Fengming baixou os olhos. Um gemido lhe escapou.

Como vivera esses dezesseis anos servindo Ah-Duo, carregando tal culpa? Sem marido, sem filhos, dedicando cada fibra do corpo à sua senhora? Maomao não podia imaginar. Não entendia Fengming. Nem o que significava amar alguém daquele modo.

O que Maomao tinha a propor não era gentil. Jinshi com certeza já sabia de suas idas aos arquivos. Ele não deixaria isso passar. Fengming seria presa. Não escaparia da pena máxima, acontecesse o que acontecesse.

As engrenagens já estavam girando. Mesmo que Maomao desaparecesse ali, Fengming seria descoberta cedo ou tarde.

Restava apenas uma coisa que poderia oferecer. Fengming jamais teria perdão. Ah-Duo jamais intercederia. Mas suas motivações poderiam ser escondidas.

Ela poderia proteger Ah-Duo da verdade final.

Maomao sabia exatamente o que aquilo significava. Era pedir que uma mulher aceitasse morrer.

“O resultado será o mesmo. Mas se puder aceitar isso…”

Se Fengming aceitasse, faria o que Maomao sugeria.

Exausta…

De volta ao Pavilhão Jade, Maomao caiu sobre o duro colchão. Suas roupas estavam encharcadas de suor — suor frio que lhe escorrera no momento de maior perigo, carregando o cheiro ácido do medo. Queria um banho.

Decidiu pelo menos trocar de roupa. Retirou a camada externa e revelou a faixa grossa de tecido que envolvia seu peito até o abdômen. Ela prendia diversas camadas de papel-óleo.

“Ainda bem que não precisei disso.” Ser esfaqueada teria doído.

Maomao retirou o papel-óleo e escolheu uma roupa limpa.

⭘⬤⭘

Jinshi só conseguia contemplar aquilo, atônito. Quem imaginaria que a tentativa de envenenar a Consorte Lishu terminaria com o suicídio da própria culpada?

Ele estava na sala de estar do Pavilhão de Jade, relatando o desfecho para uma criada silenciosa. Já havia informado a Consorte Gyokuyou.

“E assim Fengming está morta, por sua própria mão”, ele disse.

“Que fortuna para todos nós”, respondeu a dama de companhia, sem demonstrar emoção alguma.

Jinshi apoiou os cotovelos sobre a mesa. Gaoshun parecia prestes a protestar, mas Jinshi o ignorou. Cortesia nenhuma. “Tem certeza de que não sabe nada sobre isso?”, perguntou. Às vezes, era impossível não sentir que aquela jovem tramava alguma coisa.

“Posso dizer o que não sei — sobre o que você está falando.”

“Soube que você ocupou Gaoshun recolhendo livros.”

“Sim. Tudo em vão, receio.”

Ela soava tão despreocupada que ele quase acreditou que estava zombando dele. De certa forma, nada novo. Talvez ainda guardasse um leve rancor por causa da brincadeira dele no outro dia — ele realmente passara dos limites. Mas, no geral, aquilo parecia habitual. Ela lhe lançava aquele olhar típico, como se estivesse diante de algo impuro. Ia além da grosseria, alcançando uma estranha espécie de pureza.

“A motivação, como você imaginou, era ajudar a Consorte Ah-Duo a manter seu lugar entre as quatro damas.”

“É mesmo?” Maomao o fitou com total desinteresse.

“Sinto ter de dizer que a Consorte Ah-Duo será de fato rebaixada de sua posição. Deve deixar o palácio interior e viver no Palácio do Sul.”

“Reprensão pela tentativa de envenenamento?”, perguntou Maomao. Enfim, o gato parecia ter se interessado pelo novelo.

“Não, a decisão já estava tomada. Foi determinação de Sua Majestade.” O antigo afeto do Imperador por Ah-Duo provavelmente era o que permitia que ela ao menos permanecesse em uma residência imperial, ao invés de voltar para a família.

O interesse inesperado de Maomao fez Jinshi se empolgar à toa. Ele se levantou e deu um passo à frente; ela enrijeceu o corpo e recuou meio passo. Então era isso: ela ainda não tinha superado suas pequenas provocações. Naturalmente, Gaoshun assistia aos dois com pura exasperação.

Não adiantava nada deixar Maomao tensa demais. Jinshi voltou a se sentar. A pequena serviçal inclinou a cabeça e começou a se retirar, mas parou ao notar um ramo de flores vermelhas, em forma de trombeta, enfeitando o ambiente.

“Hongniang as colocou ali mais cedo”, explicou Jinshi.

“Entendo”, disse Maomao. “Uma floração impressionante.” Ela pegou uma das flores, quebrou o caule e levou à boca. Jinshi, confuso, se aproximou devagar e fez o mesmo. “É doce.”

“Sim. E venenosa.”

Jinshi cuspiu o talo na hora e cobriu a boca enquanto Gaoshun corria para trazer água.

“Não se preocupe”, disse Maomao. “Não vai morrer.”

Então a garota peculiar passou a língua pelos lábios, deixando escapar um leve sorriso adocicado.

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Tags:
apotecária, jinshi, maomao
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