Doce Psicose (NOVEL) - Capítulo 100
Naquela manhã, um tumulto tomou conta do salão principal do Seoul Grand Hotel quando os hóspedes foram evacuados. A polícia vasculhou o prédio por duas horas até identificar o responsável pelo gás lacrimogêneo — um homem desempregado.
Click.
Wooshin desligou o rádio com irritação.
Durante o trajeto de volta para casa, ele permaneceu em silêncio, criando uma atmosfera densa e sufocante dentro do carro. Era impossível puxar conversa com ele naquele humor espinhoso.
Será que ele estava fingindo não ter ouvido a sugestão dela? Ou apenas indeciso?
Seo-Ryeong mexia distraidamente no cobertor que ele havia jogado sobre ela de qualquer jeito, sem saber o que pensar.
Mas, como esperava…
Ao chegarem em casa, Lee Wooshin bateu a porta do quarto de hóspedes e não saiu mais de lá.
“…”
Aquela porta fechada parecia tão intransponível quanto o portão de uma fortaleza. Seo-Ryeong não conseguia entender o motivo da recusa. Tinha imaginado que ele simplesmente daria um meio sorriso presunçoso e tiraria a camisa se ela sugerisse dormirem juntos.
A reação dele a pegou totalmente de surpresa.
Foi direto à geladeira, pegou uma lata de cerveja, abriu e bebeu tudo de um gole só. Abriu a segunda sem nem respirar.
A cerveja escorreu por seu queixo e caiu sobre o peito, mas ela não ligou. Se não fizesse algo assim, achava que perderia o juízo antes do amanhecer.
O álcool bateu rápido. Quando levou a terceira lata à boca, uma mão firme agarrou seu pulso, fazendo a bebida espirrar e molhar seu queixo e a camisa.
“Para de beber.”
Ela afastou o calor da mão dele, irritada, abriu outra lata e o encarou com raiva.
Wooshin, com o semblante severo de instrutor, apoiou as mãos na cintura.
“Han Seo-Ryeong.”
A voz dele era baixa, em tom de advertência. Incomodada, ela pegou o casaco. Pediu um táxi pelo celular e abriu a porta de casa — mas uma sombra se projetou diante dela.
“Onde você pensa que vai a essa hora?”
“É de noite, então eu tô saindo.”
“Por quê?”
Ele franziu a testa. Ela respondeu, com o tom carregado de ironia:
“Bebi, e quero companhia.”
“…”
“Alguém menos certinho que você. Alguém mais bruto.”
A respiração dele ficou pesada, mas ela o ignorou, concentrada em calçar os sapatos.
Wooshin fechou os punhos e encostou uma das mãos no vidro da porta. A expressão dele estava tensa, o olhar baixo, acompanhado de um suspiro.
“Eu sei que você tá sofrendo, mas tenta se recompor.”
“Eu tô tentando.”
“Desse jeito?”
A voz dele subiu meio tom, mas logo ele suspirou e apertou o nariz, tentando se acalmar.
“Dá pra ver que você sempre viveu protegida dentro da sua gaiola. Nunca encontrou alguém realmente perigoso. Vive dizendo coisas ingênuas.”
“Já encontrei sim. E foi por isso que me queimei.”
“…!”
“Kim Hyeon. Quem mais foi pior pra mim do que ele?”
A voz dela cortou o ar como uma lâmina. O olhar, incandescente, parecia prestes a explodir.
Os cílios de Seo-Ryeong tremeram quando ela tentou controlar as emoções. Discutir com ele ali era perda de tempo.
Mas, quando estendeu a mão para a porta, ele agiu rápido — trancou a trava e segurou o ombro dela com força.
“Você não vai a lugar nenhum.”
“…!”
Ela se virou, vendo o rosto dele na penumbra, inclinado num ângulo quase debochado.
“Se é assim, que tal uma rodada de Krav Maga?”
Krav Maga — o treinamento de combate que aprenderam para sobreviver.
“Você só tá pensando de forma tão inconsequente porque tem energia demais pra gastar. Eu, como seu instrutor, posso te deixar sem fôlego. Posso limpar essa sua cabeça confusa se é isso que você quer.”
“…”
“Então, em vez de beber e procurar companhia, tenta usar um pouco de bom senso.”
“Treinamento não me assusta mais.” ela soltou uma risada seca, sarcástica, o rosto corado pelo álcool. “Eu só preciso de algo mais forte pra lembrar que ainda tô viva. Chorar pela pele do meu marido, dormir com outro qualquer… se não for algo assim, intenso, esse fedor de podridão não vai embora.”
“…”
“Já entendi o seu jeito de dizer ‘não’. Então me solta.”
Os olhares deles se chocaram no ar. Ela indicou a mão que a prendia pelo ombro, mas o aperto dele apenas se firmou. De olhos semicerrados, Wooshin falou num tom contido:
“Não se rebaixa assim. Tira a mão da porta.”
“E se eu tirar? Vai me dar o que eu quero?”
“…”
Ele ficou em silêncio. O pomo de adão subiu devagar, os olhos se fecharam em negação.
Ela deu de ombros.
“Tudo bem. Não costumo insistir quando alguém diz não.”
“…”
“Então, boa noite. Dorme bem.”
Ela destravou a porta e jogou um “boa noite” entediado por cima do ombro. As pálpebras dele tremeram; ele soltou um suspiro frustrado e, de repente, retirou a lente de contato que ainda usava.
A cada piscada, os olhos cinzentos e nus brilharam — e isso fez Seo-Ryeong hesitar, sentindo um arrepio estranho. A voz grave e contida dele cortou o silêncio:
“Eu, mais do que ninguém, queria que você pudesse esquecer o dia de hoje. Se fosse possível, eu desejaria que ele fosse substituído por uma lembrança boa… qualquer coisa menos isso.”
“…”
“Mas… não desse jeito.” A voz dele pesou de emoção. “Como eu poderia, num dia como hoje, fazer algo assim com você? Quão mais desprezível você quer me ver ser?”
Ver o rosto dele, normalmente tão calmo, se contorcer daquela maneira a atingiu mais do que ela imaginava.
Talvez porque, naquela noite, ela tivesse mostrado o pior de si para ele. Não sabia se o que via no rosto dele era pena… ou algo mais.
Reprimindo a vergonha que começava a brotar, Seo-Ryeong murmurou:
“Uma pessoa decente… é a última coisa que eu preciso agora.”
“…”
“Quem falou em sexo suave? Eu quero que você me machuque.”
Ela não precisava de carinho, nem de doçura. O que ela queria era dor.
Dor forte o bastante para neutralizar o choque daquele dia — algo brutal o suficiente para apagar a parte dela que ainda se agarrava à pele de Kim Hyeon.
Wooshin, ao ver o brilho desafiador nos olhos dela, passou a mão pelo rosto com força. A frustração marcava cada traço de sua expressão.
“Você realmente não entende nada.”
“…!”
E então aconteceu tudo ao mesmo tempo. Lee Wooshin moveu-se rápido — um golpe seco. As pernas de Seo-Ryeong cederam, e ela caiu de joelhos.
Quando levantou o olhar, viu o sorriso dele pairando sobre ela.
“O sexo tem que doer.”
Ele corrigiu gentilmente o mal-entendido de Seo-Ryeong.
Os lábios dela se moveram em confusão, mas nenhuma palavra saiu — o ar parecia pesado demais, preso sob uma estranha pressão.
Wooshin falou devagar, sílaba por sílaba, com um sorriso torto nos lábios:
“Não existe ternura nisso. No fim das contas, é sobre rasgar carne viva.”
Lee Woo-shin agarrou a mão dela e começou a desabotoar a própria calça.
Quando Seo-Ryeong, instintivamente, tentou recuar os dedos e se afastar, um estalo seco ecoou — a dor se espalhou pelo dorso de sua mão após o tapa. Ela ficou paralisada, atônita.
“Para de falar besteira e se controla.”
“Espera…”
“Aposto que até nas encenações o seu marido era morno.”
Num movimento brusco, ele segurou a parte de trás da cabeça dela e a puxou com força para perto. O som metálico do cinto e do zíper entre eles pareceu cortar o ar. O toque frio do metal roçou seu rosto, fazendo-a prender a respiração.
Seo-Ryeong estremeceu, sem entender se o que a paralisava era medo, raiva ou o turbilhão de emoções que a arrastavam para um abismo.
O tecido áspero roçou seu rosto, deixando uma ardência que a fez prender o ar. O som seco do pano sendo puxado e o peso da respiração dele pairaram entre os dois. Quando, de repente, ele puxou as boxers pretas para baixo, parte de seu pau saltou para fora.
“É isso que você queria?”
“…!”
A voz dele estava mais rouca, e o calor de seu pênis ainda maior. A pele suave e sem pelos era limpa, mas a tatuagem gravada na lateral era ameaçadora de uma forma diferente, fazendo com que ela fechasse os olhos com força.
Ela não tinha tempo para examinar tudo de perto. Mesmo que ela tentasse se preparar, sua mente ficou em branco no momento em que tudo aconteceu.
“Abra bem a boca.”
“Ugh!”
Ela se debateu, mas o aperto em sua cabeça não afrouxou. Ela abriu a boca o máximo que pôde, e o cheiro forte de carne invadiu seus pulmões. O cheiro salgado e masculino a deixou enjoada.
Mas talvez aquela coisa desconfortável e repugnante fosse exatamente o que ela queria.
“Engula tudo. Antes que eu te foda.”
A glande inchada roçou no céu da boca. A raiz da língua se contraiu de surpresa ao toque da carne quente e dura. Mesmo estando apenas meio ereto, ela conseguia sentir as veias horríveis na ponta da língua.
Ela abriu mais a boca, como se estivesse sofrendo uma penitência.
Enquanto ela desajeitadamente passava a língua pela carne pesada, uma coluna espessa de carne se enterrou em sua garganta imediatamente. Um odor almiscarado preencheu sua boca.
“…Que bagunça.”
Sua voz era ríspida, irritada — embora não ficasse claro a quem se dirigia.
De repente, a tensão se dissipou. A pressão diminuiu, e Seo-Ryeong olhou para cima, incerta. Era culpa dela?
Lee Wooshin protegeu os olhos com um braço e inclinou a cabeça para trás. Seu punho fechado estava branco pela pressão.
Ele parecia estranhamente devastado.