Doce Psicose (NOVEL) - Capítulo 109
Esse homem! Será que ele realmente achou que conseguiria encolher aquele corpo enorme e caber nos braços dela?
Ela soltou um suspiro curto, o corpo sendo empurrado para trás pouco a pouco.
Wooshin inalou fundo o perfume dela, mantendo o rosto enterrado em sua nuca. De repente, ergueu a cabeça e segurou a parte de trás da dela.
“Mm… ngh…”
Sem aviso, sua língua quente separou os lábios dela e deslizou sobre eles, misturando-se à respiração acelerada de ambos.
Sustentando a cabeça dela, Wooshin a beijou com intensidade, invadindo sua boca com uma urgência quase desesperada. Sua língua explorava sem trégua, inquieta, dominando o espaço como se buscasse algo que faltava.
O calor abrasador da noite anterior parecia reacender, fazendo-a latejar por dentro. As respirações quentes se entrelaçavam, gananciosas, e seus lábios estavam úmidos de desejo compartilhado.
Incapaz de acompanhar o ritmo, Seo-Ryeong não o afastou — em vez disso, puxou-o para mais perto, os dedos roçando as linhas rígidas das omoplatas dele.
Os corpos se uniram, movendo-se como se pulsassem em um único compasso.
Depois de um beijo breve, mas intenso, Wooshin afastou-se, a voz firme e controlada.
“Você me prometeu.”
Seo-Ryeong não soube dizer se aquela promessa era profissional ou pessoal.
“Chamei você aqui por motivos pessoais — só queria sair um pouco.”
O sotaque ligeiramente desajeitado ainda era claro o suficiente para ser entendido. Murmurando para si mesmo, o padre mexia distraidamente no crucifixo pendurado em seu pescoço, os olhos se abrindo e fechando devagar.
Seu olhar evitava a lente da câmera, perdido em pensamentos.
Sede da Blast SA.
Aquela missão não era uma das típicas em que as agentes de segurança eram enviadas para a Rússia. O pedido repentino por uma equipe especial de proteção soou inusitado para Kang Taegon.
Ainda assim, considerando que a empresa militar prosperava com investimentos russos, recusar a ordem estava fora de questão.
“Como ele está?” perguntou Kang.
“Igual sempre.” A resposta de Kia foi seca, deixando claro que a condição do homem não havia melhorado em nada. Enquanto isso, ele começou a girar lentamente a cadeira. “Ela tinha um marido, não tinha? Um marido…” cantarolou, quase num tom sonhador.
O rosto desaparecia e reaparecia atrás do encosto da cadeira, impassível — mas havia algo selvagem, quase predatório, escondido sob a calma.
“Um marido…”
Seria isso uma letra de música?
Entre xingamentos em russo, Kia continuava a cantarolar. Seu olhar permanecia distante, evitando fixar-se na pessoa diante dele.
“Ouvi dizer que você vive em um mosteiro desde muito jovem.”
Talvez fosse por isso que Kia parecia tão diferente das pessoas do mundo. Havia nele um vazio sereno, como o silêncio de um templo… mas, às vezes, uma energia explosiva que fazia qualquer um recuar instintivamente.
Já fazia tempo desde o primeiro pedido intermediado por Kia, representante da filial de Sakhalin, mas até hoje Kang Taegon não conseguia entendê-lo por completo.
A única coisa que sabia era que não se devia confiar naquele rosto pálido e delicado — por trás da aparência devota, Kia escondia traços fanáticos e, por vezes, violentos.
“Блять!”
Outro palavrão escapou, e a cadeira girou mais rápido, furiosamente.
Então, num instante, o olhar distante de Kia fixou-se na lente da câmera.
“Se eles eram casados, então eles transavam, não é?”
“…!”
O movimento repentino fez Kang Taegon se sobressaltar. A cadeira parou abruptamente, e, distorcido pela lente, o rosto de Kia parecia grotescamente deformado.
“E aqui? As pessoas que vivem aqui são tão obcecadas em transar quanto eu?”
“…”
“Elas são tão dedicadas quanto eu?”
Ele está bêbado?, pensou Kang Taegon, confuso com o contraste entre a postura piedosa e as palavras vulgares do outro.
“это пиздец!”
O que aquilo significava? Provavelmente alguma obscenidade. Reprimindo uma tosse, Kang mudou rapidamente de assunto.
“Não precisa se preocupar com os preparativos. A cerimônia de posse do segundo líder está seguindo como planejado. Mas… é mesmo necessário que ele venha à Coreia pessoalmente? Se for o caso, talvez devêssemos enviar a mulher de cabelos pretos para encontrá-lo antes do evento…”
Apesar da tentativa de retomar o foco, Kia parecia alheio.
“Ah-!”
Kang coçou o queixo, pensativo.
“A guarda-costas que íamos designar para essa função acabou de se juntar à equipe especial que vai para Sakhalin.”
“Han Seo-Ryeong?”
O tom cortante veio acompanhado de uma carranca.
“Sim, a agente Han Seo-Ryeong. Mas como você…”
“Não chame a Sonya assim.”
“Perdão?”
“Esse nome não combina com ela,” disse Kia, fazendo um biquinho de desagrado.
Kang hesitou, sem saber como reagir, mas Kia apenas sorriu de leve, inclinando a cabeça como quem encerra o assunto.
“No fim das contas, ela estava destinada a reencontrar o pai, afinal. Sonya,” murmurou, fazendo o sinal da cruz.
Com um leve sorriso, completou:
“Ah, e trate de montar uma nova equipe especial de segurança.”
“O quê?”
“Só estou preocupado que sua empresa pare de lucrar, e você fique chateado,” disse Kia, sorrindo de modo enviesado.
Kang franziu o cenho diante do monitor, mas Kia, impassível, beijou o crucifixo pendurado em seu pescoço.
“Do ponto de vista de Deus, os humanos são como neblina… estão aqui hoje, desaparecem amanhã.”
Então, com a ponta do crucifixo, ele esmagou a lente da câmera. A tela piscou em estática e ficou completamente preta.
 
                                         
                                     
                                     
                                    