Doce Psicose (NOVEL) - Capítulo 12
A Blast é uma subsidiária do Grupo Sehwa, a terceira maior empresa da Coreia. O que começou como um negócio de proteção de executivos em viagens ao exterior para contratos de construção cresceu até se tornar uma empresa completa quando se fundiu com uma EMP estrangeira (Empresa Militar Privada).
Era uma era em que até a guerra podia ser vendida.
Nos últimos 20 anos, eles enviaram soldados da Blast para zonas de conflito como Iraque, Líbia, Afeganistão, Emirados Árabes e Nigéria, construindo um histórico que os tornou uma das principais empresas militares do Leste Asiático.
Além das atividades de combate direto, forneciam uma ampla gama de serviços militares, como guarda, segurança, transporte e investigação, e seus contratos com governos somavam centenas de bilhões de won. Empresas privadas começaram a cobrir lacunas que eram difíceis para os ministérios estrangeiros e para o Serviço Nacional de Inteligência.
Até a base de clientes era diversa. De ditadores impiedosos, rebeldes corruptos e cartéis de drogas a estados soberanos legítimos, ONGs humanitárias e organizações de ajuda, o espectro moral era amplo.
Por isso, a empresa precisava de pessoas de alto nível com habilidades especializadas…
“Em que a Srta. Han Seo-Ryeong é boa?”
Só uma coisa vinha à mente.
“Matar…”
“…Por favor, não vá até o ponto do assassinato. Você já ultrapassou linhas suficientes, como na deserção.”
Ele tocou a testa, e Seo-Ryeong calmamente balançou a cabeça.
“Não, habilidades de sobrevivência.”
A rígida gaiola balançava violentamente de um lado para o outro. Homens nus se agarravam às grades, xingando e socando enquanto os guardas passavam.
Um campo de prisão particular no Camboja amontoava centenas de detentos em um espaço do tamanho de uma palma de mão.
Sujo e oleoso, eles lutavam, matavam e até se comiam.
No meio dessa falta de ordem e higiene, um homem solitário permanecia imóvel, olhando pela janela.
Uma nuvem.
Parecia uma coruja de olhos grandes.
Ele bocejou indiferente, sem se importar com a frenesia dos presos. O sangue em seus nós dos dedos estava rígido como o osso por baixo, parecendo da cor da pele.
Chegar a esse lugar depois de concluir uma missão era como um ritual anual. O homem dormia espalhado, sem se lavar, observando o espetáculo monótono de pessoas sem instrução brigando entre si.
Embora o chefe reclamasse desse comportamento peculiar de Wooshin, ele se sentia confortável em meio ao caos.
Talvez não tivesse um lugar para voltar, ou talvez buscasse uma atmosfera familiar.
Assim, fingir uma vida comum parecia desconfortavelmente chamativo. Comparado a um trabalhador assalariado com horários de deslocamento fixos, um marido afetuoso e dedicado, até o sono precisava de um colchão macio, e a vida incluía refeições matinais regulares.
Pensando nisso agora ou na época, um sorriso escapava. A rotina cotidiana de uma dona de casa lavando suas roupas íntimas parecia constrangedora, mesmo para um agente que fazia esse trabalho há dez anos.
Além disso, a devoção cega à crença de que ‘Kim Hyeon’ era tudo era bastante absurda. O afeto sufocante vinha à mente, e seu rosto se enrugava involuntariamente.
Talvez fosse melhor abaixar a cabeça, segurar a mão de uma pessoa assim e passear junto…
Ele coçava a pele irritada com as unhas. Usar a máscara de silicone por tanto tempo geralmente causava essa sensação.
Estava com ela há vários dias até hoje. As pupilas cansadas piscavam lentamente.
“Ah…”
Naquele momento, um de seus molares começou a latejar. Sua testa, que estava voltada para o céu, se franziu.
“Eu deveria ter quebrado isso antes.”
Ele segurou o queixo e contorceu um lado do rosto.
Havia apenas uma causa para a dor de dente. Na cavidade levemente eletrificada de seu molar havia um dispositivo usado uma vez por mês pelos Agentes Negros para fazer chamadas de sobrevivência.
Se pressionado com força suficiente, emitia um chamado de sobrevivência, e vice-versa.
Tic, tic, tic, tic. Os dentes vibravam em sequência. Era uma regularidade, um código morse. Seus ossos doíam.
Era uma ordem de retorno emergencial.
Lee Wooshin entregou ao guarda da prisão uma nota enrolada de dólar. Acenou em despedida, e o guarda, que negociava com ele há anos, mostrou os dentes frontais em um sorriso de despedida.
Uma vez do lado de fora, o homem tirou a máscara assim que entrou no carro que o esperava.
Diferente da última operação, em que podia trocá-la de vez em quando, dessa vez havia deixado a máscara por semanas, e a pele estava avermelhada.
Rapidamente jogou água fria engarrafada no rosto, abriu o porta-luvas e colocou um par de fones sem fio nos ouvidos. Ligou o carro, e uma voz estranhamente familiar começou a falar.
“Lee Wooshin, retorne para casa o mais rápido possível.”
Muitos adjetivos a acompanhavam. A mais jovem primeira vice-diretora do Serviço Nacional de Inteligência e a única executiva mulher. Além disso, era a candidata mais forte para se tornar a próxima Diretora do Serviço Nacional de Inteligência.
Ela também fora sua antiga chefe, que pessoalmente recrutou Lee Wooshin como agente especial da UDT há dez anos.
“Estou considerando isso apenas pra entregar a minha carta de demissão.”
“Dois de nossos agentes de inteligência foram mortos no exterior.”
“Então você vai tirar satisfações com os vivos por não ajudá-los?”
Lee Wooshin pisou no acelerador sem pestanejar. Virou o volante com uma mão e massageou o pescoço rígido.
“Venha logo, venha.”
“Não estou a fim de entrar, e estou cansado de conversar.”
“Pedi para você esperar! Você acha fácil manter um agente como você? Ficamos na seca por agentes bons por dez anos, e agora perdemos dois deles..! Acha que vou deixá-lo sozinho no meio de uma situação dessas, com seus molares rangendo e vomitando por ‘razões pessoais’?”
“É por isso que expliquei melhor pra você.”
“…Sim, em um texto. Você enviou sua carta de demissão alegando ‘Doença mental’.”
Ele pôde ouvir um suspiro dela pelo rádio, e em resposta, Wooshin ergueu as sobrancelhas friamente.
“Então, você achou que eu estava são o tempo todo?”
mariaviei26@gmail.com
Até agente virou um clt, sempre escravizado kk