Doce Psicose (NOVEL) - Capítulo 122
“Então, só mais uma coisa… Estrangeiros não podem ingressar na SNI, certo?”
“A SNI proíbe estritamente o casamento com estrangeiros, quanto mais contratá-los.” respondeu He Channa.
“…”
“Foi por isso que meu cunhado foi imediatamente demitido quando teve um caso com uma mulher norte-coreana. A SNI é famosa por suas verificações de antecedentes rigorosas. Se você tem ficha criminal, histórico de investigações por violência escolar, perda de processo civil ou qualquer coisa do tipo, tá automaticamente desqualificado. Até divórcio por culpa, ter cônjuge estrangeiro, dupla cidadania ou registros criminais de parentes até oitavo grau levam à eliminação sem questionamento. Eles ainda investigam 12 anos de histórico escolar—preciso dizer mais?”
“…”
O silêncio pesado de Seo-Ryeong fez Channa continuar:
“Quando minha sobrinha disse que queria ser Viúva Negra como carreira futura, meu cunhado ficou furioso e esmagou seus sonhos sem hesitar. Linhagens familiares prendem as pessoas dentro das agências de inteligência.”
“Então, se alguém tiver avô russo…”
“O quê?! Quer causar um escândalo? Como você sequer ousa mencionar um russo em um país democrático e livre?!”
Seo-Ryeong sentiu a cabeça girar e massageou a têmpora enquanto a dor de cabeça começava a apertar.
“Channa, você não recebeu uma proposta da SNI uma vez?”
Diante da pergunta direta, Channa estalou a língua suavemente.
“Bem, espalhei esse boato pra aumentar meu valor de mercado, mas na verdade era uma ameaça, não uma oferta. A SNI não me queria; só queria informações da unidade de guerra cibernética. Foi interrogatório e negociação, não recrutamento.”
“E mesmo que usem estrangeiros, provavelmente é apenas pra agentes de campo que lidam com informantes locais. Já me deparei com agentes chineses várias vezes, mas o aliado da Coreia do Sul é os EUA! Você acha que eles correriam o risco de contratar alguém com laços familiares na Rússia?”
Seo-Ryeong assentiu levemente diante da resposta apaixonada.
A pergunta de Channa seria apenas uma preocupação infundada? Ela não queria ver nem imaginar a expressão que Channa fazia, mas, estranhamente, o peso que carregava parecia aliviar um pouco.
No reflexo da janela escura, ela viu um rosto que não reconheceu.
“Não importa quão grandiosa seja a missão, é instinto humano querer proteger a família. É por isso que eles proíbem casamentos internacionais… pra evitar essas vulnerabilidades. Linhagens são, afinal, uma fraqueza insidiosa que não pode ser apagada.”
“…”
Sua enxaqueca se tornou insuportável. Agora parecia uma faca cravando nos dentes. Seo-Ryeong encostou a testa na janela como se fizesse uma pausa.
Cada vez que fechava os olhos, imaginava um homem avançando com força implacável, fazendo-a abrir os olhos de repente. Dormir era impossível.
Quanto tempo havia se passado desde que ela desembarcou do helicóptero? Ainda não sentia os pés firmes no chão. Deveria tentar dormir? O sono faria essa sensação desaparecer?
Seo-Ryeong esfregou o rosto. O que ela estava tentando confirmar?
Seu coração disparava como se tivesse cometido um crime irreversível.
“Paciente Lee Wooshin?”
Ao ouvir o nome, Seo-Ryeong, virando uma esquina, congelou instintivamente.
Enfermeiras se reuniam na estação, tomando café da noite e conversando. Seo-Ryeong se pegou ouvindo sem querer.
“Na verdade, antes eu cometi um erro e perdi a veia durante a injeção.”
“O quê?!”
Uma enfermeira da mesma idade bateu no braço da colega em surpresa exagerada, olhando ao redor nervosamente. A primeira, apesar do constrangimento, abriu os olhos vivazes com energia desafiadora.
“Então, de repente, o paciente encontrou a veia nas costas da própria mão e inseriu a agulha sozinho. No final, ele deveria estar sedado e fora de si, mas agarrou minha mão, colocou de uma vez e… bam!”
“Ele é médico?”
“Se fosse, teriam descoberto na faculdade de medicina.”
A mulher olhou para o nada, como se recordasse algo, os lábios entreabertos.
“Por um momento pensei que fosse um erro médico, mas então ele puxou minha mão e disse: ‘Não aí.’ Mas sério, por que o estado civil dele não tá na ficha? Nem número de contato de emergência tinha…”
“O que você tem?”
“Só curiosidade.”
“Ei, foque no trabalho e faça o curativo direito. Não erre de novo.”
“Sim, sim…”
Seo-Ryeong observava em silêncio as enfermeiras, cuja conversa terminou em uma mistura de constrangimento e humor. Uma delas, parecendo tão exausta quanto ela, tinha o rosto estranhamente corado.
Ela olhou rapidamente para o rubor antes de massagear o estômago como se tentasse aliviar algum desconforto. Os ombros começaram a ficar rígidos também. Ao continuar andando, rolou os ombros para soltá-los.
Planejava visitar outros supervisores, mas mudou de direção impulsivamente.
Ao abrir a porta do quarto do paciente, a névoa fresca de um umidificador a recebeu. A mesa de cabeceira estava impecavelmente limpa, e a ampla janela emoldurava uma vista noturna de tirar o fôlego.
No centro do quarto, Lee Wooshin jazia na cama, piscando lentamente.
A intensidade habitual dele havia desaparecido, deixando uma expressão sonolenta e desprevenida.
Seu olhar, incomumente opaco, seguia lentamente cada movimento dela.
Estaria ele totalmente consciente? Ela se apoiou na cama com desconfiança. Foi então que Lee Wooshin franziu a testa e falou num tom lânguido.
“Por que você tá tão bonita?” Um leve riso escapou de seus lábios. É o quê? Seo-Ryeong franziu a testa. “Como eu vou trabalhar quando você tá assim…”
“Hein?”
“Não vou voltar ao escritório. Que me demitam. Tenho muito dinheiro guardado.”
“…”
“Mas você… Saiu de uma foto ou algo assim?”
O que ele está dizendo? Ela piscou, confusa. Ao vê-lo falar enroladamente, lembrou-se do sedativo.
Deveria chamar a equipe médica? Hesitou, olhando para o botão de emergência vermelho, mas desistiu. Ele provavelmente acordaria naturalmente.
“Instrutor, se controle.”
“Hã…? Quem é você então?”
Seus olhos piscavam devagar, deliberadamente, como uma tartaruga.
“Sua subordinada. Esqueça. Apenas se deite.”
“…”
“E fique calado para não se arrepender depois. Isso vai te ajudar a voltar ao normal.”
“Tudo bem. Só me traga meu telefone.”
“…”
Talvez eu devesse desmaiá-lo de novo, pensou Seo-Ryeong. No quarto silencioso, o murmúrio baixo e firme de Lee Wooshin soava mais claro do que esperava.
“Preciso ligar pra minha esposa.”
“…!”
A expressão de Seo-Ryeong mudou sutilmente. Desconfortável e confusa, pensou ter ouvido errado. Mas a clareza no olhar dele dizia o contrário.
Então, agora, ele ainda está grogue da anestesia, sem pensar direito, e pedindo a esposa? Só então lembrou — Lee Wooshin tinha uma ex-esposa.
Ela congelou, sentindo como se alguém tivesse batido na parte de trás de sua cabeça. Um arrepio subiu pelo pescoço diante da revelação inesperada.
Aperto firme no batente da cama. Baixando o olhar para esconder os olhos abalados, Seo-Ryeong perguntou com voz firme:
“Qual é o nome da sua esposa?”
“Você acha que eu sairia contando sobre minha adorável esposa pra qualquer um?”
“Desculpe-!”
Seo-Ryeong franziu a testa, frustrada, e deu uma risada amarga.
Quem era a pessoa que tremia de raiva quando a esposa dele a traiu? As palavras subiram à garganta, mas ela hesitou. Deveria realmente chocá-lo assim que acordou?
O que ele havia dito sobre a esposa antes? Ela era jovem, inexperiente, alguém que ele havia protegido.
Sim, Lee Wooshin disse algo assim a ela. Mas ela o havia traído, se divorciaram, e Lee Wooshin jurou nunca mais se prender ao passado.
Mas se ele inconscientemente a chama agora, isso não revela seus verdadeiros sentimentos? Uma coisa era certa — quanto mais ela conversava com ele, pior ficava seu humor.
“Fique quieto e evite dizer algo que vá se arrepender amanhã,” disse firmemente.
“Você é que tá sendo imprudente com suas palavras. Qual é seu departamento?”
Seo-Ryeong suspirou, exasperada.
“Estou na Equipe de Segurança Especial.”
“O nome do seu departamento soa patético, e você parece alguém montada a partir de um molde.”
Seu olhar afiado a examinava enquanto a testa franzida aprofundava. Seus olhos, antes opacos, começaram a esfriar ao percorrer o rosto dela. Quanto mais olhava, mais seu humor parecia azedar.
“Quando peço meu telefone, quero que você traga e digite por mim.”
Reprimindo outro suspiro, Seo-Ryeong arranhou a testa com as unhas em frustração.
“Vou mandar uma mensagem pra minha esposa, então digite exatamente como eu digo, sem erros.”
“…!”
Seo-Ryeong não pôde evitar segurar os cabelos em descrença, soltando um suspiro afiado.
Não dormi um minuto, assombrada pela sombra de alguém cada vez que fecho os olhos, e a primeira coisa que você faz ao acordar é procurar a ex-esposa? Suas emoções se inflamaram inexplicavelmente.
Seo-Ryeong congelou, rígida como se fosse atingida por um raio. As sobrancelhas franzidas, sentindo decepção por ele.
Espera aí. Eu? De jeito nenhum…
Esse sentimento, espalhando-se como fogo, era algo que não podia ignorar. Era uma emoção desafiadora, quase destrutiva, que se recusava a deixar passar, mesmo que significasse arruinar o momento.
“…se controle, senhor. Sua esposa te traiu, foi embora, e seu casamento acabou há eras.”