Doce Psicose (NOVEL) - Capítulo 16
“Você é extremamente irritante.”
Seo-Ryeong encarou o homem cheio de malícia.
“Por que você tá me olhando assim? Seus olhos… sério, tão… malditos…”
“Ouvi dizer que a mulher que caiu foi hospitalizada por causa das costas.”
“E daí?”
“Se é só isso que você tem a dizer, então também não tenho mais nada a dizer.”
“….”
“Se já terminou seu assunto, saia da frente. Está atrapalhando.”
“É sempre assim com você?”
O olhar direto deslizou suavemente pela testa e pelo nariz dela.
Se fosse só infantilidade, ela poderia ter ignorado. Mas o interesse sujo nos olhos dele, enquanto percorria seu corpo esguio, cruzou a linha. Sentiu uma vontade infantil de incomodar, misturada com um sadismo ardente. Por isso, Seo-Ryeong finalmente largou o ferro de passar que segurava.
Ela falou com uma voz sem entonação, grave, incomum para uma mulher:
“Quer dormir comigo?”
“…!”
“Espero que eu não esteja interpretando errado, mas parece que você quer.”
“…Não, que porra, você é louca. Não aprendeu Confucionismo?”
“Só pensei em tentar.”
Ele engoliu em seco. Um sorriso presunçoso curvou seus lábios.
“E se eu disser sim?”
“Desculpe, mas eu não durmo com qualquer um.”
“Então com quem você dorme?”
“Alguém com pelo menos 1,80 m, não mais que 86 kg, cheiro de floresta, e…”
Ela recitou linha por linha, sem emoção, como se estivesse lendo um artigo gótico de jornal.
“Só pênis que curvam para cima.”
“….”
“Não sinto nenhum remorso, mas é nessas condições ou nada.”
Seo-Ryeong lançou um olhar para o homem, que desviou os olhos para a própria virilha e voltou. A garganta dele apertou com as palavras.
“Curvam para cima, o quê?”
“Tem que ser curvado.”
“Que tipo de acordo é esse? Por que diabos você tá se importando com isso?”
“Porque é assim que meu marido é.”
“Marido…”
Ele abriu a boca, mas a fechou imediatamente. Ficou parado, completamente congelado.
“Você tem marido?”
“Sim.”
“Merda, não pode me falar isso agora!”
“….”
“Droga!”
Ele passou os dedos pelo cabelo e soltou um suspiro frustrado.
Seo-Ryeong pegou o ferro novamente e passou com cuidado pelo uniforme. Foi um momento de paz até que o homem, agora irritado, bateu na tábua de passar.
“Ei, perdi minha identificação.”
Ele limpou o rosto, a expressão endurecendo. O calor embaraçoso ou vergonhoso grudava na pele como uma erupção.
“Acho que deixei minha identificação no vestiário. Pode procurar pra mim?”
Era a plaquinha de identificação militar prateada fornecida a cada membro da Blast S.A. O sorriso torto dele mostrava a intenção de importunar Seo-Ryeong de qualquer forma.
“Entendido.”
Quando ela terminou a tarefa e se virou para sair, seu braço foi agarrado de repente.
“Mas você realmente tem marido?”
Isso tá ficando ridículo… Seo-Ryeong começou a entender por que o tenente descrevia os soldados como pacientes. Ele mencionou que eles se machucavam com frequência, causavam caos e recebiam muitas injeções? Ela queria trocar a seringa e enfiá-la no pescoço do homem.
“….”
Em vez de responder, ela puxou o braço da mão dele.
O interesse casual era irritante, e a proximidade ainda era desconfortável. Mas mais que qualquer outra emoção, a verdade não dita pesava em seu coração. Ela não tinha marido.
Os chuveiros eram anexos a cada vestiário de equipe.
Seo-Ryeong parou o cabideiro e entrou na sala de banho mais próxima.
O silêncio a recebeu, sem ser interrompido nem por uma gota d’água. Mas a umidade ainda grudava no uniforme.
Ela vasculhou cada box do chuveiro atrás do colar prateado, mas em vão.
Quantas vezes ela tinha ido e voltado entre os vestiários e o chuveiro? Finalmente, chegou ao último box no fundo.
Quantos armários ela conferiu, inspecionando cada um meticulosamente? Entre buscas exaustivas, Seo-Ryeong finalmente encontrou o colar sobre o sabonete.
“Haah….”
Um suspiro escapou. Preciso voltar rápido. Quando estava prestes a se virar—
“….!”
Swoosh— água caiu de repente de algum lugar sem aviso. A coluna de Seo-Ryeong se arrepiou ao som que não deveria existir.
Alguém… entrou? Mesmo paralisada, com os ombros tensos, o tempo seguia implacável. Então, recobrando os sentidos, ela se virou rapidamente.
Mas, de todas as direções—
“….!”
Seo-Ryeong travou os olhos com um homem que estava tomando banho.
Droga…! Eu devia ter ido pelo outro caminho!
Uma sensação de perigo iminente tomou seu corpo.
O homem, ainda se enxaguando, varreu o cabelo molhado para trás.
Agora diante de um homem nu, sua mente ficou em branco.
“….”
“….”
Os olhos dele eram cinza.
Sua breve admiração a fez agradecer por estar usando máscara.
Apesar de saber que era falta de educação, seu olhar vagou involuntariamente. Sob o cabelo preto intenso, a testa branca e o nariz marcante. De algum jeito, ele parecia familiar.
Enquanto lavava o rosto com uma mão, ele a olhou.
“Quer tomar banho junto?”
O homem arqueou os lábios de forma brincalhona. O rosto molhado como se estivesse na chuva.
Ao ver os ombros largos e a clavícula lisa, os dedos dela se mexeram involuntariamente. Ela sentiu que conhecia aquela textura. Um pensamento estranho.
Apesar de trabalhar ali há algum tempo e conhecer muitos homens, ombros retos eram raros. A maioria tinha trapézios exagerados, ombros arredondados ou postura caída.
As linhas limpas do pescoço aos ombros, porém, eram incomuns.
Meu marido também tinha ombros assim… exatamente assim.
Mas o homem à sua frente não se parecia em nada com o marido: nem na aparência, nem na voz, nem no jeito.
Será que ele é… mestiço?
Não só as íris claras, mas também os traços atraentes, os cílios e a testa definida eram fora do comum. Procurar por Kim Hyeon naquele rosto estranho parecia ter se tornado um hábito inconsciente.
“Os caras vão chegar logo, é melhor você sair rápido.”
Ele olhou rapidamente para o uniforme dela e fez um gesto em direção à porta. Apesar da situação embaraçosa, ele não demonstrou constrangimento. Parecia até exibir um leve sorriso.
Ufa… Seo-Ryeong soltou o ar que segurava e assentiu educadamente.
“――!”
Então aconteceu. Ela esbarrou acidentalmente na parte inferior do corpo do homem.