Doce Psicose (NOVEL) - Capítulo 17
O quê… é isso?
Seo-Ryeong piscava sem parar.
Era do tamanho de uma garrafa de água, mas isso não era o problema. Não era o fato de estar depilado.
O problema era a tatuagem… A tatuagem preta contrastava com a pele branca dele.
Letras que se enrolavam pelo pênis como uma cobra. Parecia uma língua estrangeira, pensou ela, desviando o olhar para focar nas letras. E também pensou em como existem pessoas estranhas no mundo.
“Não adianta ficar olhando assim.”
“…!”
Ela olhou para cima, surpresa com a voz grave.
“Só dá pra ler quando você olha daqui.”
Ele apontou para o umbigo.
Ao perceber que estava encarando o pênis de outra pessoa, Seo-Ryeong sentiu um pouco de vergonha. O rosto queimou quando os olhos deles se encontraram novamente.
O homem, que parecia calmo, começou a observá-la misteriosamente.
Seus olhos a examinavam de forma estranha.
Ele franziu a testa. Então desligou o chuveiro.
E aconteceu de repente. Ele abaixou a máscara de Seo-Ryeong.
“…!”
Antes que ela pudesse reagir, seu rosto ficou exposto. Os olhos dele se arregalaram e depois franziu o cenho.
“Você…–!”
Parecia que ele queria dizer algo, mas se conteve. Os olhos dele claramente estavam abalados.
Seo-Ryeong quis sair do chuveiro naquele instante, mas ele estava no caminho.
“…O que você—”
Ele franziu a testa soltando o ar.
“Desculpe, não sabia que havia alguém aqui. Vou sair…”
Então, um barulho alto veio da porta.
Antes que pudesse se assustar com o som, ele rapidamente agarrou Seo-Ryeong. O corpo dela encostou no dele, presos no box.
“Mexa-se.”
Ela tentou empurrá-lo com o cotovelo, surpresa, mas ele não se moveu.
“Espera… só espera pra eu pensar.” Ele disse: “O que você tá…”
As roupas de Seo-Ryeong também ficaram molhadas por causa do corpo dele.
“O que você tá fazendo aqui?”
Os olhos acusadores dele examinaram o rosto dela com atenção.
Parecia uma pessoa estranha. Seo-Ryeong franziu a língua e descartou a primeira impressão boa que tivera dele.
“Alguém disse que deixou a dog tag no chuveiro.”
“Não, eu quero saber o que você anda fazendo nessa empresa.”
“Eu cozinho e lavo roupas.”
“….”
O homem passou a mão pelo rosto franzindo a testa. Os lábios se moveram como se fosse dizer algo, mas no final não disse nada. Apenas engoliu em seco.
Seo-Ryeong falou enquanto colocava a máscara de volta:
“Desculpe, mas isso não é necessário. Não é grande coisa encarar alguns agentes nus. Eu só faço a lavanderia e preparo a comida deles mesmo.”
“….”
“Particularmente, acho isso mais perturbador. Sai da frente.”
“É um hábito seu? Ficar olhando as pessoas,” ele perguntou, lançando um olhar para a pequena estrutura dela. Algumas gotas de água do cabelo dele caíram no rosto dela.
“Sim.”
“Desde quando?”
O homem olhou fixamente para Seo-Ryeong. Parecia irritado pelo fato de ela estar olhando para o rosto dele, mesmo que só estivesse reagindo ao contato da parte de baixo dele.
Depois que recuperou a visão, ela realmente adquiriu o hábito de observar pessoas, mas não precisava explicar isso para ele.
O cheiro familiar junto com o aroma da água. Seo-Ryeong não suportou mais e o empurrou com força.
Mas o ombro dele se moveu apenas ligeiramente, enquanto as mãos batiam na parede, como se a prendesse ainda mais.
Agora ela realmente estava irritada.
Seo-Ryeong chutou, mas ele desviou com facilidade. Frustrada, girou o registro do chuveiro para a água mais quente, direcionando água escaldante nele como punição.
“—!” ele exclamou, mas permaneceu impassível, mesmo com a água fervendo atingindo-o. Seus ombros ficaram vermelhos pelo calor, mas parecia imune à dor, imóvel, indiferente. Enquanto isso, Seo-Ryeong também se molhava.
Finalmente, ele desligou a água calmamente e saiu, cuspindo parte dela. Os olhos de Seo-Ryeong se arregalaram em choque. Parecia que algo pesado pressionava sobre ela…
A tatuagem que ele mencionou ficou visível. Só quando a cabeça do pênis alcançou o umbigo dela foi que ela conseguiu ler toda a mensagem.
Если жизнь тебя обманет
Se a vida te enganar.
“Eu disse pra não olhar.”
Ele estalou a água com os dedos na direção de Seo-Ryeong. Ela fechou os olhos.
Filho da puta pervertido.
Mesmo estando totalmente excitado na frente de uma estranha, ele se sentia no direito.
Ela sentiu náusea.
Enquanto se vestia apressadamente, sem se secar direito, partes das roupas ficaram úmidas. Lee Wooshin entrou no escritório da força especial e trancou a porta atrás de si.
Ele então colocou o dispositivo sem fio no ouvido. Apesar da postura normalmente fria, o rosto dele mostrava irritação.
“Senhor…! Chamou, senhor?”
A voz alegre, sempre de prontidão, o cumprimentou. Lee Wooshin piscou e cerrou os dentes.
“Senhor?” A voz chamou várias vezes, mas ele não respondeu, focando apenas em acalmar o enjoo que sentia. O tempo parecia se estender infinitamente.
E quando abriu os olhos novamente, até suas pupilas pareciam congeladas. Ele acalmou as emoções e perguntou:
“Por que a coruja está aqui?”
“…o quê?”
Wonchang perguntou, com um tom meio estúpido ou talvez culpado por não saber o que estava acontecendo. Lee Wooshin não estava nada satisfeito com tanta ignorância.
“Como você consegue receber salário fazendo um trabalho tão ruim?”
O homem tentou se controlar o máximo que pôde. O coração acelerado ainda martelava no peito.
No momento, Lee Wooshin estava infiltrado na Blast S.A para sua última missão. Ele entrou como líder da equipe de segurança especial, porque havia relatos de que informações internas da SNI estavam sendo vazadas para empresas externas.
A empresa em questão era a Blast S.A, subsidiária do grupo Sehwa. Blast S.A era um grupo de mercenários que o governo usava quando não podia agir por conta própria, seja por sensibilidade política ou orçamento. Mas se eles fossem pegos lucrando ilegalmente no exterior, a história mudava completamente.
Coincidentemente, a posição de líder da equipe de segurança especial estava aberta, e a Blast S.A procurava discretamente alguém qualificado.
Como eram uma empresa que prestava um serviço parecido com combate, queriam alguém estrangeiro que tivesse experiência em batalha, estratégia, espionagem, treinamento, etc.
A única pessoa que se encaixava na SNI era Lee Wooshin. Nem precisou alterar o currículo – só ajustar um pouco a experiência internacional. Havia um raciocínio por trás da escolha do gerente sênior.
“Wonchang, você ficou surdo? Por que… a coruja está aqui?”
“E-ei…! Espera… a coruja está aqui agora?”
“O melhor funcionário de todos.”
“Não, espera…! C-coruja? Nossa coruja?”
Ele soou surpreso. Lee Wooshin cerrou os dentes.
“Nossa coruja?”
“Uh, uh…”
“Ah, nosso Wonchang parece ter lembranças bem afeiçoadas, hein?”
Ele forçou um sorriso. Não podia acreditar. Tentava relembrar como tinha lidado com a coruja e como a deixou ir embora.
Lee Wooshin massageou a têmpora.
Será que já tinha acontecido antes de uma missão praticamente concluída ser interrompida assim? Ele se perguntava se era um miragem.
Mas só pensou por um instante, porque estava enojado com o rumo das coisas. O som do teclado soava pelo telefone ao mesmo tempo.
“E-ei… por que a coruja…”
“Se encontrar alguma coisa, é só dizer.”
Ele parou por um instante.
“…. Han Seo-Ryeong, 27 anos, contratada pela Blast S.A há um mês. Trabalha no departamento militar, cuidando principalmente da cozinha e lavanderia…”
Agora ele sentiu o sangue subindo à cabeça. Lee Wooshin pressionou a mesa como se quisesse perfurar algo.
Coruja… Então a coruja está empregada aqui.
“Você… por acaso a encontrou?”
Ele fechou a boca ao ouvir a pergunta. Não só encontrou.
“Ela não te reconhece, né? Você não está usando a máscara do Kim Hyeon.”
“Sim.”
Há apenas uma verdade. O fato de ela não ter reconhecido ele. Lee Wooshin se acalmou.
“A coruja… está bem?”
“O quê?”
“Bom…”
Ele riu com escárnio. Como alguém tão simpático poderia trabalhar como agente?
Talvez fosse melhor que Na Wonchang, habilidoso mas ruim em tudo mais, trabalhasse como funcionário público.
“B-bom, você me disse para reportar qualquer coisa sobre a coruja…”
“E daí?”
“A coruja foi recentemente presa tentando fugir para o norte.”
“…O quê?”
Ele franziu a testa. Será que ouviu errado? Era tão aleatório que não conseguia entender.
Lee Wooshin ficou imóvel por alguns segundos. O quê… o que ela tentou fazer?
“Que… que diabos a coruja fez?”
“…fugiu para o norte.”
“….”
“Então ela estava tentando transformá-lo, não, Kim Hyeon, em um espião.”
“…!”
“É por isso que ela fugiu para o norte, para que Kim Hyeon também fosse investigado.”
Ele ficou sem palavras por um momento. Coruja… fez isso. Ela realmente fez.
O relatório sobre a coruja era tão simples quanto sua personalidade. Frases comuns, despretensiosas. Uma mulher solitária e gentil.
A mulher que entrou na sociedade quando se tornou adulta e seguia a rotina diariamente, sem reclamar.
Trabalhadora, esforçada em seu posto. Obediente e silenciosa. Mas pensar que fez algo assim…
“Ela não é alguém que faria algo desse tipo.”
Mesmo agora. Palavras duras, chute sem hesitar, mesmo sabendo que poderia se queimar, a decisão de ligar a água. Não era a coruja que ele conhecia.
E também a forma como ela olhou para seu pênis ereto. Lee Wooshin mordeu a língua com irritação.
Por que ficou ereto naquele momento?
As pupilas dela sempre buscavam os ombros, procurando Kim Hyeon.
Os olhos firmes dela, que encontraram os dele, eram certamente diferentes.
Parece que ela recuperou a visão. Ele esfregou a cabeça, incomodado por algo estranho.
“Sim… Mas depois que o marido dela desapareceu…”
“…”
“Parece que foi difícil pra ela.”