Doce Psicose (NOVEL) - Capítulo 22

A limpeza, que durou cerca de três horas, finalmente terminou.

Até a máscara branca de Seo-Ryeong estava empoeirada, com a sujeira espalhada por todo lado.

Ela havia limpado desde debaixo da cama até o criado-mudo, o guarda-roupa, a janela e a moldura, chegando até ao banheiro. Lavou o esfregão várias vezes e talvez até o tenha jogado fora — ela não lembrava ao certo.

Quando terminou de limpar todos os quartos, inclusive os dos membros da equipe, fechou a última porta, esfregando a cintura dolorida.

Thud.

Uma forte vibração subiu pelas mãos que se seguravam no corrimão da escada.

Ao erguer a cabeça para fora do corrimão, viu homens que pareciam não ter nada em comum subindo do andar inferior em grupo.

Thump, thump. O esqueleto de ferro tremia como em uma tempestade conforme múltiplos passos subiam a escada em espiral.

Nesse momento, o homem à frente do grupo olhou diretamente para Seo-Ryeong.

“…”

“…”

Era um encontro inevitável, sem ter como desviar.

O brilho avermelhado, como sangue, iluminava a pousada desgastada, criando uma atmosfera estranha. Entre eles, Lee Wooshin, com a pele pálida, se destacava na luz fraca.

Aproximando-se devagar, sua figura surgia como uma silhueta escura contra o fundo. Ele nunca tirava os olhos de Seo-Ryeong enquanto subia a escada.

Seu olhar fez um arrepio percorrer a espinha dela. Tentando resistir, Seo-Ryeong apertou involuntariamente o corrimão.

“Unnie, é você!”

Nesse momento, um rosto familiar surgiu, empurrando os homens para o lado.

“Ah… te ver fora da Coreia do Norte é ainda mais prazeroso…!”

“Por que você tá aqui―”

Sua boca se abriu atrás da máscara de higiene. Seo-Ryeong congelou, e Channa se aproximou com um sorriso maroto.

“Surpresa? Eu também tô aqui a trabalho.”

“Channa, você fazia parte disso?”

Channa desviou o olhar como se se sentisse constrangida.

Nesse instante, os membros da equipe subiram atrás de Channa. Mesmo sem perguntar, era claro que eles faziam parte da equipe de segurança especial.

Um de olhar afiado e corpo magro, outro com pele robusta e lábios firmemente cerrados, e um de aparência silenciosa — todos chamaram a atenção de Seo-Ryeong ao mesmo tempo.

Embora estivessem com roupas comuns, a constituição física e o olhar deles exalavam uma aura incomum. Enquanto Channa e os membros da equipe entravam nos quartos sem dizer uma palavra, apenas duas pessoas ficaram no corredor.

Com expressão afiada, Lee Wooshin perguntou:

“Você assinou o acordo de confidencialidade?”

“…Sim.”

“Então você deve ter ouvido os detalhes gerais do trabalho. Por que ainda está aqui?”

O homem com olhar de desprezo a questionava com ar de incredulidade.

O que ele quer dizer? Seo-Ryeong o encarou, confusa. Em resposta, Lee Wooshin, que vinha apertando o lábio inferior e franzindo a testa, falou:

“Eu simplesmente não consigo entender, por mais que pense.”

“….”

“Você ouviu tudo, então por que terminou toda suja de poeira e sujeira?”

“Os quartos estavam muito sujos.”

“….”

“A higiene aqui era um caos.”

Lee Wooshin franziu levemente a testa, depois de respirar fundo, voltou à sua expressão impassível.

Era realmente uma face peculiar. Parecia como se tivesse presenciado algo terrivelmente errado ou enfrentado um dilema. Cobriu os olhos com os nós dos dedos e olhou para o teto por um instante.

Não era isso que ele perguntou? Achei que era uma resposta adequada… julgando pela reação dele, talvez não.

Depois de um tempo, voltou com uma expressão amigável, sorrindo de maneira contida.

“Há cerca de dois anos, o chefe de polícia na Tailândia exigiu suborno de um traficante e acabou matando ele.”

“…!”

“Mais precisamente, ele torturou e matou. Eles tinham acordado o valor do suborno, mas ele achou pouco. Então colocou um saco plástico na cabeça do homem e continuou a agredi-lo. Eventualmente, o estrangulou até a morte.”

Seo-Ryeong piscou diante da história sem contexto.

“O caso veio à tona quando o vídeo se espalhou, mas ele ainda não foi pego, o chefe de polícia.”

“….”

“Han Seo-Ryeong, você está aqui para ajudar em um país assim. Entendeu? Alimentar as crianças que montam armas para o tráfico de drogas ou fornecer segurança no local de contrabando.” O homem a provocava com um olhar sério. “Ainda assim, você está disposta a limpar essa bagunça.”

Embora o tom soasse como se estivesse consolando uma criança teimosa, os olhos dele eram gelados sem fim.

Seo-Ryeong ergueu as sobrancelhas diante da bronca unilateral. Toda essa conversa… seria sobre por que ela ainda não saiu?

Ela afastou uma mecha de cabelo do rosto com o dorso da mão.

“Tá brincando comigo? Você foi quem me colocou na lista de viagem e ainda fala desse jeito?”

A raiva borbulhou dentro dela, mas ela não sabia para onde direcioná-la, e após uma pausa momentânea, ele falou novamente.

“Você deveria estar com medo.”

“….”

Qual seria a intenção dele ao dizer algo assim?

“Continue fazendo o que estava fazendo e se comporte como parece.”

Lee Wooshin ainda parecia azarado, e socializar só parecia mais difícil com experiência.

“Já estou fazendo isso. Estou aqui para limpar e cozinhar.”

Seo-Ryeong não queria mais se distanciar da equipe de segurança especial. A resposta seria se comportar bem a partir de agora.

“Quer macarrão com coentro amanhã de manhã?”

“….”

“Devo tirar o coentro?”

Pelo olhar contorcido dele, parecia que ela havia dado a resposta errada novamente.

Todas as manhãs, Seo-Ryeong começava o dia explorando alguns becos, seguindo o conselho de se familiarizar com os arredores.

Acordava cedo, visitava o mercado, preparava refeições simples e colocava a comida pronta em frente aos quartos dos membros da equipe.

Seus passos diminuíam diante do estilo arquitetônico desconhecido, mas ela caminhava guiada pelo leve aroma de especiarias. Liderada por Channa, encontrou-se no centro da cidade de Bangkok.