Doce Psicose (NOVEL) - Capítulo 35
A expressão dela foi endurecendo gradualmente, os punhos se fechando e abrindo como se o sangue tivesse sido drenado.
Raramente sentira tanta raiva fervente por alguém fora do seu círculo íntimo. A hostilidade intensa dirigida a Lee Wooshin a fazia ranger os dentes e o corpo tremer de ressentimento.
“Então não deixe seu cérebro te enganar. Não é amor, é só um truque,” as palavras de Wooshin cortavam como faca.
Seo-Ryeong podia ignorar flertes baratos de qualquer um com facilidade, mas agora as palavras de Wooshin não escorregavam como água em costas de pato.
Cada palavra perfurava seu coração.
“O fato de você ainda não ter esquecido dele também prova que você é uma pessoa fácil de enganar. Mas faz sentido se submeter a tanto sofrimento por alguém como ele?”
Sua respiração ficou presa na garganta.
“Aqui, no treinamento básico; dizem que é básico, mas levam as pessoas ao limite. É simplesmente insano,” Wooshin pressionou o dedo indicador contra sua têmpora, como se a obrigasse a entender.
Que idiota… Ela o detestava desde a primeira vez que o viu.
Relutantemente, sentiu um aperto de autocomiseração pela fraqueza que teimosamente ignorara. Mesmo antes de começar o treinamento, já se sentia drenada de energia.
Wooshin indicou o táxi que esperava.
“Aquele homem provavelmente nem pensa mais em você, então por que desperdiçar sua vida? Se quer vingança, saia e faça uma boa vida.”
Ela não entendia por que cada palavra dele doía tanto e cortava como navalha. Seo-Ryeong sentiu os olhos se encherem de lágrimas, confusa.
Era verdade que ela chegara até ali por obsessão e ressentimento. Mas se desprezava por não conseguir refutá-lo.
Tinha o impulso de esmagar a figura de Lee Wooshin diante dela.
“Não.”
“Senhorita Han Seo-Ryeong.”
Ele chamou seu nome novamente, como se estivesse repreendendo. A raiva fazia seus ouvidos arderem. Ela queria retrucar, mas estranhamente, a garganta parecia apertada, tornando difícil até engolir.
Mesmo assim, Seo-Ryeong teimosamente encontrou seu olhar, apesar de saber que pareceria patética.
“A verdadeira vingança é garantir que aquele idiota não consiga nem viver nem comer direito.”
…Sem mim. Enterrou essas palavras bem fundo.
“E mesmo que tudo que você diga seja verdade,” o sangue escorrendo de sua ferida se transformou em desgosto intenso, “vou garantir que meu marido ouça diretamente. Não de alguém como você, que não entende nada de amor!”
Com toda força, Seo-Ryeong empurrou o braço dele e entrou no ônibus em vez do táxi.
Estou ferrada…
Praticamente assinei minha sentença de morte ao responder ao instrutor com quem terei que lidar por dez semanas.
Seo-Ryeong ficou olhando pela janela durante todo o caminho até o campo de treinamento, respirando descompassadamente, mas as emoções que fervilhavam há tanto tempo eram difíceis de conter.
Quanto mais pensava nas palavras de Lee Wooshin, mais seus punhos se fechavam. Ainda tentando controlar a raiva, o ônibus parou.
“Arrumem as malas e desçam!”
Os novos recrutas se moveram sem hesitar, enquanto o instrutor liderava o caminho.
O destino era um campo militar privado perto do mar. Nos documentos legais, estava registrado como um acampamento de férias infantil. Disseram que era disfarçado assim porque não era oficialmente sancionado pelo Ministério da Defesa.
Ao descer do ônibus, ela se deparou com olhares explícitos. Desconfortáveis, desaprovadores, alguns sorrindo de lado. Nenhum parecia amigável.
Que hostilidade… pensou Seo-Ryeong, impassível.
Não era só Lee Wooshin, determinado a derrubá-la; aquelas pessoas, que se recusavam a aceitá-la como companheira, poderiam ser um desafio ainda maior.
Ninguém zombava diretamente dela ou demonstrava insatisfação. Mas a situação — sem palavras, apenas contato visual — parecia de algum modo mais tensa.
Tensão que poderia explodir com qualquer faísca. O clima permaneceu tenso até entrarem no alojamento.
Assim que colocou sua bagagem em uma cama parecida com um beliche militar, a pergunta inevitável pairou no ar como nuvem de tempestade.
“Como diabos vou dividir um quarto com uma mulher?”
A voz irritada chamou a atenção de todos para um ponto focal: Han Seoryeong, silenciosa no canto.
“Não me importa se é treino, e ela não vai durar muito, mas vocês não deveriam ao menos manter nossos quartos separados? Como vou trocar de roupa, tomar banho, etc., sem que ela nos veja?!” Era uma provocação explícita, e ainda assim, sutilmente, os outros pareciam concordar. “Vim aqui para treinar, não para dividir quarto com uma mulher! E se algo acontecer, seremos nós a levar a culpa!”
Mais vozes se juntaram, alimentando a reclamação do sujeito.
“Sim, essa é uma péssima ideia.”
O alojamento explodiu em vozes, cada uma carregada de frustração, descrença e ressentimento.
“Não seria melhor dar a ela um quarto só para si?” sugeriu um recruta, irritado.
“Cara, isso não é justo,” outro interveio, indignado. “Estamos aqui para treinar juntos, sofrer juntos, e se ela é a única confortável, isso é discriminação reversa.”
As comportas se abriram, e as queixas jorraram dos lábios dos recrutas como uma tempestade.
“Pensei que a BLAST era uma das empresas mais renomadas da Ásia, então estava animado… mas acho que não é bem como imaginei,” lamentou um recruta desapontado, com tom de desilusão.
“Não, é por isso que estou animado,” contrapôs outro, o entusiasmo em contraste com o clima geral.
Um homem, incapaz de conter o desgosto, pontuou suas palavras com um grunhido e gesto repugnante, provocando risadas e balançar de cabeças entre o grupo.
Seo-Ryeong observava a cena com uma mistura de diversão e pena. Era engraçado ver a reação dos recrutas, mas também patético. Ela permaneceu em silêncio, refletindo sobre por que eles faziam tanto alarde entre si, enquanto ela entrara discretamente.
“Ah… Parece que todo mundo aqui é muito limitado. Sabem? Na realidade, ela pode ser incrivelmente elite.”
“É, em Israel, existe até uma unidade de combate mista chamada Caracal, bastante famosa.”
Embora a conversa claramente fosse sobre Seo-Ryeong, todos falavam sem mencioná-la.
Então alguém reuniu coragem para perguntar:
“Você é boa de briga?”
“….”
“Que faz aqui? Ex-militar? De qual unidade?”
Enquanto todos olhavam para Seo-Ryeong, outra voz familiar interveio.
“Ei, gente, qual unidade…?! Ela era nossa cozinheira!”
“O quê?”
“Não lembram da moça que nos alimentava e lavava nossas roupas, a mais nova lá, e sim, sem brincadeira, a que jogava restos de comida em mim!”
Naquele momento, alguns membros a reconheceram, olhos arregalados. Não havia castas em profissões, mas a confusão no olhar deles indicava curiosidade e julgamento. Parecia haver mais a analisar sobre ela.
Uau… Este lugar é realmente um lixão e hilário… pensou Seo-Ryeong, secretamente divertida.
De repente, o som de botas militares se aproximando ficou audível. Seoryeong observou silenciosamente a porta, mas o homem que estava bravo desde o início não percebeu e continuou reclamando.
“Se só vai nos causar problemas e desistir, é melhor sair agora. Se tivermos que acomodar seu tempo de banho e ainda olhar suas embalagens de absorventes usados, então saia agora!”
“Sung Ulkchan.”
Naquele instante, uma figura alta interveio, bloqueando a voz alta.
Ah, era esse o nome… Seo-Ryeong piscou.
Lee Wooshin, agora de volta às suas roupas de treino, estava atrás dele, olhando para baixo.
“O que está acontecendo?”
Sung Ulkchan limpou a garganta diante da pergunta direta. Era engraçado como, num momento, corria feito um potro com a cauda em chamas, e no seguinte estava na frente de um instrutor.
“Instrutor, não consigo morar em um barraco com uma mulher, e não quero dividir quarto com ela porque temo que algo aconteça, e não fico confortável.”
“Uma mulher.” Lee Wooshin murmurou, curioso. Sem perceber a tensão subjacente, Sung Ulkchan continuou a resmungar.
“Ela não é homem, Instrutor. Temos que nos exercitar, tomar banho e dormir juntos, como podemos focar só no treinamento com isso na cabeça?”
“Você se preocupa em ficar excitado, Sung Ulkchan?”
“…!”
Sung Ulkchan se assustou com a pergunta direta. Os outros recrutas também.
“Não invente desculpas, diga apenas que tem vergonha da sua barraca armada de manhã. É mais convincente e melhor assim. Vocês foram escolhidos do nada?” continuou Lee Wooshin, estalando a língua. Olhou ao redor com desaprovação. “Vão boicotar o próximo VIP se for mulher? Vão fazer retaliação coletiva se alguma das organizações com que trabalham tiver agentes femininas?”
“….”
“Que bando de idiotas, esses caras. Se esse é o único motivo para não cumprir a missão, vocês nem deveriam estar aqui.”
Diante da repreensão fria, todos os recrutas ficaram em silêncio absoluto, como abelhas no mel.
Lee Wooshin sentou-se na cama do alojamento, encostando as costas no colchão. A postura era casual, cabeça inclinada preguiçosamente, enquanto observava cada um se mexer.