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Doce Psicose (NOVEL) - Capítulo 73

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Em algum momento, ela despertou de repente e percebeu o bairro familiar além da janela. Um cobertor estava sobre seu colo, e os números no relógio mostravam que o tempo havia passado muito mais do que ela imaginava.

“Quando foi que eu dormi?” o rosto de Seo-Ryeong empalideceu ao pensar que pudesse ter causado algum incômodo.

“Instrutor, você podia simplesmente ter me acordado!”

Lee Wooshin passou a mão pelos cabelos, lançando-lhe um olhar levemente repreensivo.

“Se é pra me olhar desse jeito, podia ter me acordado antes!” retrucou ela, emburrada.

Seo-Ryeong soltou o cinto de segurança às pressas e abriu a porta do carro. O vento gelado que cortou seu rosto a fez despertar completamente.

Quando segurou a porta para se despedir e cruzar o olhar com ele, Wooshin de repente engatou a marcha à ré. Assustada, ela fechou a porta sem dizer nada. Sem hesitar, ele virou o carro e acelerou para fora do beco.

“Obrigada por me trazer,” murmurou ela, mas suas palavras tardias se perderam no ar vazio.

Seo-Ryeong ficou parada por um instante, encarando o beco por onde ele desaparecera, antes de coçar a cabeça e seguir cambaleando até sua casa.

Talvez por estar de volta ao próprio espaço, o corpo pareceu ficar pesado de repente. Com esforço, ela pressionou o botão do painel eletrônico com a ponta dos dedos trêmulos.

Foi no instante em que abriu a porta —

“―!”

Assim que viu o interior familiar, ela a fechou com um estrondo.

O que foi aquilo agora há pouco?

Seu coração disparou. Instintivamente, ela deu alguns passos para trás, balançando a cabeça para espantar a tontura.

Um cheiro estranho e desconhecido a atingiu assim que abrira a porta. Uma sensação intensa de algo errado tomou conta dela ao notar a casa às escuras.

Enquanto verificava o número na porta, esta se abriu de repente, atingindo sua testa com força.

“Ugh!”

A pancada fez o mundo girar por um segundo. Cambaleante, ela sentiu uma mão enluvada e negra agarrar-lhe o cabelo e puxá-la para dentro. Aquele toque brutal a arrastou sem piedade.

O agressor tentou jogá-la novamente contra a porta — mas bastou um golpe certeiro. Seo-Ryeong agarrou o dedo mínimo do homem e o torceu, fazendo-o girar com um grito de dor.

“Argh! Droga!”

O invasor segurou o dedo grotescamente torto.

“Seu maxilar tá quebrado,” disse ela friamente.

“O que você–”

Antes que ele terminasse, o chute giratório de Seo-Ryeong acertou em cheio o queixo do homem. O impacto o fez desabar, mostrando apenas o branco dos olhos. Ela finalizou o movimento pisando na têmpora dele com o salto do sapato.

O esforço súbito a deixou enjoada, o estômago revirando. Ela correu até a porta da frente e a abriu — não podia ficar ali nem mais um segundo.

Mas, antes de fugir, seu olhar se fixou no interior silencioso da casa.

Quantos mais estariam lá dentro? E quem eram eles? Pensando nisso, um leve sorriso se formou em seus lábios.

“Parece que vocês caíram direitinho na minha armadilha.”

Se era o caso, que a pegassem então. Seo-Ryeong se pôs na ponta dos pés e foi direto para a cozinha.

Reprimiu a excitação ao sacar duas facas do suporte. Mas, ao se virar, uma sombra escura investiu contra ela.

Ela reagiu rápido, golpeando o antebraço do segundo invasor.

Ele usava uma máscara — e não estava sozinho. Um, dois… contando o primeiro que já estava caído, eram três no total.

Seo-Ryeong empunhou as facas como espinhos, fendendo os homens que avançavam. Não podia relaxar nem por um segundo.

Então, um chute vindo de seu ponto cego acertou seu abdômen, e ela foi projetada contra o armário. Objetos caíram ruidosamente, ecoando pela madrugada.

“Ah!”

Seu corpo parecia mais pesado que o normal, mais lento. Ainda assim, ela cerrou os dentes e rolou, desviando dos socos e das lâminas que vinham em sua direção como balas.

Para compensar a diferença de altura, abaixou-se quase até o chão, mirando apenas pontos vitais.

Quando a lâmina foi bloqueada, ela golpeou com o dorso da faca. Se levava um chute, revidava com outro.

Mas, num movimento preciso, uma mão forte e enluvada agarrou seu pescoço.

“Ah!”

Seu corpo foi erguido no ar — a faca caiu com um som metálico. Os homens não perderam tempo e a jogaram com força sobre o sofá.

Mesmo com o rosto pressionado contra o tecido e o corpo imobilizado, Seo-Ryeong soltou uma risada curta.

“Vocês são da Inteligência Nacional, não é?”

Os movimentos pararam por um instante. A força que a prendia logo voltou, esmagando-lhe a nuca.

“Podiam ter sido mais gentis. Olha só a bagunça que fizeram na minha casa.”

“…”

“E justo hoje, no dia do jantar da equipe. Que falta de consideração.”

Os invasores a amarraram a uma cadeira usando braçadeiras plásticas.

O suor escorria pelas testas mascaradas. Um deles sacudia o companheiro caído perto da porta

“Sênior, acorda!” enquanto outro arfava, de joelhos. Todos pareciam desorientados com a resistência inesperada.

Seo-Ryeong, em silêncio até então, se curvou e começou a engasgar.

“Ugh! Urgh!”

O vômito ácido respingou no chão da sala, fazendo seu corpo estremecer. O cheiro acre preencheu o ar. Olhares frios se fixaram nela.

Beep. Beep.

O toque monótono cortou o silêncio. O homem, com os sapatos agora sujos, puxou um celular antigo do bolso.

Atendeu de imediato, em postura rígida, como se falasse com alguém importante. Limitou-se a responder:

“Sim. Sim.”, enquanto lançava olhares de soslaio para Seo-Ryeong. “Ela foi contida.”

Aquela frase curta fez o coração dela disparar. Uma ligação agora? Será que era o mesmo “subchefe” da sala de interrogatório?

Ela cuspiu no chão, os olhos brilhando. Queria se livrar do gosto amargo na boca, mas como não podia, continuou cuspindo.

O homem colocou o celular no viva-voz.

“Senhora Han Seo-Ryeong, ainda não está com medo?”

A voz feminina, firme e desconhecida, ecoou pelo alto-falante. Um sorriso debochado surgiu nos lábios de Seo-Ryeong.

O homem à frente franziu o cenho.

“Não complique as coisas. Entregue as contas e sairemos em silêncio.”

“Olá.” disse ela com ironia.

O ambiente ficou em silêncio.

“Parece que você já sabe o meu nome. Posso saber o seu?”

“…”

“Eu até tentei desertar, mas acho que mexer com um parente do presidente deu mais certo.”

Ela riu baixo, e a voz do outro lado desceu de tom, carregada de ameaça.

“Não torne isso pior do que já está. Encerre logo.”

“Perguntei quem é você.”

“Onde escondeu os cinco bilhões?”

“É de praxe se apresentar antes de falar de dinheiro, não acha?”

“Está me ouvindo? Dê uns tapas nela.”

O homem apertou as luvas de couro.

Em um segundo, smack — a cabeça dela virou para o lado. Outro golpe veio do lado oposto.

As mãos dele alternavam entre punho e palma, machucando os dois lados do rosto dela com precisão mecânica.

A visão de Seo-Ryeong ficou turva, mas ela cuspiu sangue, impassível. Afinal, já tinha visto Lee Wooshin empalar pessoas e pendurá-las como troféus.

“É assim que tratam alguém com quem estão negociando?”

“Negociando? Que negociação?”

A mulher riu com desprezo, mas Seo-Ryeong sentiu um arrepio de excitação. O fato de terem perdido o controle significava que ela havia acertado em cheio.

“Vocês querem achar os cinco bilhões. Eu quero achar o Kim Hyeon.”

 “…!”

“Se fosse pra recuperar o dinheiro de forma legal, já teriam me denunciado. Se fosse pra resolver discretamente, teriam trazido o Kim Hyeon até mim. Mas não podem fazer nem uma coisa nem outra, podem?”

“…”

“O Serviço de Inteligência andou brincando comigo.”

Sua voz agora tinha o frio de uma lâmina.

“Vocês me cegaram, colocaram o Kim Hyeon no meu caminho e ainda planejaram o nosso casamento. Tudo isso deve ser segredo de Estado, já que não saiu uma única palavra sobre os cinco bilhões sumidos na imprensa. Então, me diz: o que eu sou pra vocês? Por que não conseguem nem me denunciar e têm que entrar escondidos feito ladrões pra me bater?”

Um riso abafado veio do outro lado da linha.

“Senhora Han Seo-Ryeong, um conselho sincero: não enfrente a SNI. O que mais você acha que pode fazer? No fim, quem vai morrer não é você, são seus subordinados.”

“…”

“Acha que esconder a Heo Channa vai te salvar?”

Os olhos de Seo-Ryeong gelaram.

“Você não é a única apanhando como um cachorro hoje.”

“…!”

“Como ousa provocar o Serviço de Inteligência com essa piada patética e ainda tentar me ameaçar?”

A voz da mulher vinha carregada de arrogância e poder.

“Quer perder a visão de novo?”

No instante em que ouviu isso, Seo-Ryeong chutou o homem entre as pernas. Ergueu a cadeira ainda presa a si e a arremessou contra a cabeça dele.

“Ugh!”

Caindo junto com o corpo dele, ela agarrou uma faca no chão e cortou as braçadeiras. A perna da cadeira atingiu em cheio o agressor, e a faca que ela lançou logo em seguida abriu um corte profundo no rosto de outro invasor.

Com calma, Seo-Ryeong pegou o celular caído.

“Como você mesma disse, são só os capangas que morrem. Então, que tal mudarmos os termos da negociação?”

O sorriso desapareceu de seu rosto. Ela entendeu que, para chegar a Kim Hyeon, teria que subir mais um degrau — mas isso não significava que havia perdido.

“Quero falar com meu marido. Uma voz em troca de cinco bilhões… parece uma troca justa, não acha?”

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