Doce Psicose (NOVEL) - Capítulo 77
O casaco que ele jogou caiu exatamente sobre o vômito que Seo-Ryeong havia deixado sem supervisão.
Ela começou a se perguntar se deveria se sentir ofendida pelo que acabara de ouvir ou mais envergonhada pela bagunça que havia feito.
“Quando o instrutor te disse para não resistir, você surtou. Mas quando seu marido solta besteiras, você aceita tudo?”
Lee Wooshin empurrou levemente seu ombro enquanto falava. O braço do sofá atingiu seu joelho, fazendo-a cair. O homem subiu sobre ela como uma fera, segurando seu queixo.
Seus corpos estavam apertados, pesados e rígidos. Antes que ela pudesse cerrar o punho na posição desfavorável, Lee Wooshin se acomodou pesadamente sobre suas coxas e pelve.
Seu rosto impassível estava de alguma forma torcido em frustração.
“Se você é tão obediente, por que não age assim comigo?”
A pressão em seu queixo doía como se fosse esmagar seus ossos. Quando tentou se afastar, os dedos dele invadiram sua boca.
Seus lábios foram forçados a se abrir, e Seo-Ryeong piscou confusa. Os dedos gordurosos pressionavam sua língua, massageando o céu da boca. Enquanto os dedos escorregadios deslizam sobre suas membranas mucosas, Seo-Ryeong inclinou a cabeça involuntariamente.
“Ugh!”
O próximo alvo seriam suas órbitas? Ela se lembrou de um agente sendo torturado com óleo. Seo-Ryeong lançou um olhar feroz para o homem à sua frente, arranhando e agarrando seus antebraços e mãos. Como se quisesse contê-la ainda mais, a palma quente dele pressionou firmemente seu estômago.
Sentindo o perigo, ela mordeu seus dedos como se fosse arrancá-los, mas o homem não recuou. Apenas franziu levemente a testa e acariciou sua nuca com movimentos suaves, quase reconfortantes.
Ele tinha a expressão de alguém que acabara de ser mordido brincando com um cachorro.
“Ugh!”
Enquanto seus dedos continuavam a explorar sua carne macia, sua boca se enchia de saliva. Ela tentava, desesperadamente, conter a estranha sensação de ofegar, mas os lábios se abriram fracos.
Uma sensação peculiar e provocante surgiu. A cada movimento dos dedos grossos, puxando sua língua e tocando atrás dos dentes, sua respiração se tornava mais quente.
Lee Wooshin, com o olhar distante e alheio, olhou para sua boca e queixo agora sujos de saliva.
Seus olhos se encontraram, e dentro do olhar dele, um turbilhão de emoções rugia. Por um breve instante, Seo-Ryeong prendeu a respiração.
“Ugh! Instrutor!”
Assim que seus dedos sondaram mais fundo, tocando sua úvula, ela sacudiu a cabeça, fazendo uma careta. Era como se seus órgãos internos fossem agitados, prestes a fazê-la vomitar. Mas ele apenas murmurou com voz calma:
“Está inchado. O que você estava pensando tentando chupar com uma boca assim?”
O homem parou de repente todo movimento e encarou suas gengivas inchadas e a carne machucada.
Então, como se recuperasse a compostura, ergueu-se rapidamente, vestindo novamente o manto de instrutor.
“O kit de primeiros socorros, onde está?”
Ela engoliu em seco e olhou para suas costas. A pausa forçada na atmosfera apenas aumentou a tensão. Seu peito arfava confuso.
“Não quero me envolver em um caso confuso com você, Instrutor.”
“Já é tarde demais.”
“Não gosto de relacionamentos complicados.”
“Raciocínio estranho. Você considera seu chefe parte da sua árvore genealógica?”
“Não, mas veja, eu tenho família.”
Ah- Lee Wooshin murmurou baixo, como se não fosse importante para ele. Observou silenciosamente seus dedos cobertos de saliva antes de pegar um pano para limpar o vômito. Seus movimentos eram tão fluidos, como parte de um fluxo natural.
Ao vê-lo ajoelhar e limpar silenciosamente o chão, sua boca secou de repente.
Que homem é esse?
O pensamento de que ela absolutamente não podia perdê-lo começou a ocupar sua mente.
Eles tinham uma relação estranha, onde mostrar o interior da boca nem era constrangedor. Ela nunca havia conseguido fazer isso com o marido, sempre fingindo timidez.
Com isso, a pressão que pesava sobre sua pelve e estômago começou a doer, e seu coração disparou.
Ah! É isso que chamam de camaradagem? Talvez.
Assustada, ela rapidamente balançou a cabeça e afastou os pensamentos.
“Você está me transformando numa mulher que se esconde do marido, e acha que limpar o chão resolve?”
“Acredito que você foi a primeira a tentar se esconder, Agente Han Seo-Ryeong.”
“…!”
“Não lembra das anotações promíscuas?”
Mesmo dizendo isso, Lee Wooshin mal olhou para ela.
“Quando o óleo cai na cozinha, use papel toalha ou jornal primeiro. Se continuar escorregadio, use detergente… Ha… Você consegue lidar com isso sozinha?” Ele continuou em tom repreensivo antes de suspirar no meio, esfregando a nuca. “Você é difícil de lidar, Srta. Han. Sabe disso?”
Seo-Ryeong respondeu friamente:
“Sim, eu já me meti em muita confusão.”
“…”
“Você tem ideia de quão precioso e importante aquele momento que você arruinou era pra mim? Eu dediquei minha vida inteira para criar aquela oportunidade.” Seu olhar, que antes evitava o dela, agora se fixava com intensidade cortante. “Não estou pedindo que você compense, mas se tiver um pingo de consciência, não me demita da Equipe de Segurança Especial, não importa o que eu faça daqui para frente.”
A expressão de Lee Wooshin se endureceu ao sentir a seriedade nas palavras dela.
“Se eu quiser recriar a oportunidade que perdi hoje, terei que enfrentar algo ainda mais perigoso.”
“…!”
“A cada fracasso, terei de assumir algo mais arriscado que antes. É do penhasco que estou pendurada.” Sua voz calma carregava um traço de desespero. “Não estou pedindo que salve minha vida como antes. Se tiver um mínimo de compaixão, apenas não atrapalhe o que preciso fazer.”
Só então a expressão de Lee Wooshin mudou, como se finalmente entendesse. Soltou uma risada torta, depois ficou sério, alternando entre risada fria e olhar firme, passando a mão pelo rosto.
“Então é por isso que você entrou na BLAST.” Murmurou para si, como se finalmente montasse o quebra-cabeça em sua mente. “Suportou o treinamento militar, se agarrou à Equipe de Segurança Especial.”
“…”
“Para aprender a cometer más ações, não é? Certo?” Ela não respondeu, apenas o encarou. “E agora, como hoje, você está tentando fisgar o Serviço Nacional de Inteligência, tudo por causa daquele marido agente negro, que nunca aparece diante de você. Enfrentou a agência nacional sem medo, só para capturá-lo.”
“…”
“E agora quer que eu feche a boca e me torne sua cúmplice.”
Lee Wooshin fechou e abriu os punhos, olhando para o chão bagunçado da cozinha enquanto respirava fundo. Então, pelos lábios cerrados, saiu uma voz fria:
“Mas, Agente Han Seo-Ryeong.”
Seo-Ryeong estremeceu, tentando se manter calma.
“Desculpe, mas não posso atender a esse pedido.”
“…!”
“Você é inteligente o suficiente para saber que está fazendo um pedido absurdo. Se vamos fazer isso, o acordo tem que ser dividido de forma justa.”
“O que quer dizer?”
“Olhe para a situação corretamente.”
Lee Wooshin se encostou na mesa de jantar, com postura imponente de instrutor.
“Agente Han Seo-Ryeong, assim que você atendeu a ligação, seu objetivo já havia desaparecido, mas a SNI continuou explorando suas fraquezas psicológicas para manipular suas ações. O equilíbrio de poder já estava definido nesse momento.”
Os olhos de Seo-Ryeong vacilaram.
“E pelo que ouvi, estamos falando de contas estrangeiras. Isso não poderia ser feito sozinha. Você deve ter tido um técnico habilidoso envolvido. Os candidatos mais prováveis são Heo Channa ou Jeong Pilgyu, líder da equipe de informações.” Inconscientemente, desviou o olhar, e Lee Wooshin assentiu, como confirmando suas suspeitas. “Se bandidos invadiram sua casa, então você deve ter causado uma grande confusão. Mas mesmo tomando a iniciativa de atacar primeiro, por que você só conseguiu a voz do seu marido? Por que recuou no final?”
As palavras a fizeram estremecer. A expressão de Lee Wooshin ficou mais fria.
Por algum motivo, Seo-Ryeong sentiu-se transportada de volta ao campo de treinamento, a mente turva. Achava que tinha controle.
“É porque não consegui contatar Channa. Tinha medo de que ela pudesse ter se ferido gravemente, como da última vez.”
“Heo Channa não se machucou.”
“…!”
“No caminho para cá, recebi uma mensagem dizendo que a rede de comunicação da BLAST estava fora do ar por um breve momento. Quem você acha que fez isso?”
Ela mordeu o lábio inferior. Heo Channa provavelmente não sabia de nada sobre o que aconteceu com ela.
“Viu agora? Não fui eu quem bagunçou essa situação. Desde o início, você, Agente Han Seo-Ryeong, entrou nela direto. Da psicologia à estratégia, até aqueles truques baratos, você perdeu em todos os aspectos.”
“…”
“Você deveria ter abandonado Heo Channa naquele dia.”
Uma onda de humilhação a atingiu, mas o arrependimento podia esperar. Um senso esmagador de urgência percorreu Seo-Ryeong ao perceber que não poderia convencê-lo. Quando começou a morder o lábio novamente, Lee Wooshin bateu levemente em sua testa, quase a repreendendo.
“Certo, serei seu cúmplice.”
“…!”
Seus olhos se arregalaram em descrença.
“Vou colaborar, mas você tem que aceitar minhas condições.”
“O quê? Quais são?”
Lee Wooshin olhou casualmente ao redor da casa como se a visse pela primeira vez. Nervosa, Seo-Ryeong puxou a roupa e engoliu em seco.
Por um instante, ele pareceu inspecionar cada canto da casa, quase como um empreiteiro avaliando para reforma. Finalmente, seu olhar se fixou em uma moldura vazia.
Seo-Ryeong enxugou as mãos suadas na roupa. O que ela diria se ele perguntasse sobre aquilo?
Lee Wooshin não conseguia desviar os olhos daquele ponto. Ele já a considerava tola. Se ela dissesse que a moldura vazia abrigava uma foto de casamento… Ele faria ela fazer flexões ali mesmo em casa?
Ela rezou em silêncio para que ele não perguntasse. Felizmente, Lee Wooshin não comentou sobre isso, mas então disse:
“Vou ter que me mudar pra esta casa.”
A mente dela ficou completamente em branco.