Doce Psicose (NOVEL) - Capítulo 88
Seo-Ryeong arfou em choque, a boca se abrindo num reflexo. A língua úmida dele se enroscou na dela, movendo-se de um jeito sensual e impetuoso.
Seus braços se agitaram em vão enquanto Lee Wooshin inclinava a cabeça, aproximando ainda mais os dois.
O maxilar dele se movia com fome, como se a devorasse, e à medida que o beijo se tornava mais profundo e voraz, o gosto e o calor se misturavam entre eles.
Ela foi empurrada para trás, e, a cada vez que os lábios se separavam, ele voltava a tomá-la — insistente, intenso —, roçando contra o interior macio de sua boca até que suas bochechas se inflassem pela pressão.
Aquilo era diferente.
Nada parecido com quando caíram do penhasco durante o acampamento. Naquela vez, o rosto de Lee Wooshin mostrava pânico, um erro evidente.
Agora, o perigo parecia real. E as mãos dela tremiam sob a tensão crescente.
Os dois, como que por um acordo silencioso, nunca haviam mencionado o que aconteceu naquele dia. O erro compartilhado fora algo que ambos preferiram ignorar — mais fácil deixar adormecido do que encarar.
Mas agora…
Seo-Ryeong sentia que o simples toque dos lábios deles seria o bastante para derretê-la. Cambaleou para trás e se apoiou na mesa. O copo de shake de Jin Ho-jae rolou e caiu com um estrondo no chão, depois de esbarrar em sua mão.
Lee Wooshin inclinou ainda mais a cabeça, como se nada pudesse detê-lo.
“Mm…”
Apesar do som abafado que escapou dela, ele não a soltou. Segurou o rosto dela com firmeza, aprofundando o beijo. O pescoço fino de Seo-Ryeong cedeu, indefesa, à intensidade dos lábios dele.
A língua dele explorava a dela, impaciente, num movimento ritmado e profundo, e a respiração dos dois se misturava, ofegante, quase faminta.
Não era apenas um beijo. Era algo mais — algo abrasador, onde desejo e provocação se chocavam, deixando o ar denso, carregado de calor.
Um calor que parecia derretê-la de dentro para fora tomou conta de seu corpo, fazendo-a sentir como se não tivesse mais controle sobre si. Ela mal conseguia respirar, arfando em busca de ar. A mistura de saliva entre os dois era tão espessa que já não dava para saber de quem era o quê.
Não!
Seo-Ryeong franziu o cenho, tentando desesperadamente recuperar o controle, mas quando a língua dele roçou com impaciência o céu de sua boca, um gemido lhe escapou antes que pudesse contê-lo.
“Haa…”
Os pensamentos sobre Kim Hyeon começaram a se dissipar, se desmanchando no vazio. Ela mal conseguia resistir à força dele, enquanto ele voltava a forçar seus lábios a se abrirem, as mãos firmes segurando a nuca dela.
No instante em que baixou a guarda, a língua dele se entrelaçou à sua, produzindo sons úmidos e indecentes. Sua mente se nublou, e um calor incômodo subiu-lhe aos olhos. Era essa sensação que mais a assustava.
Principalmente naquele escritório silencioso, onde cada respiração, cada som carregado de desejo, ecoava em seus ouvidos como um segredo proibido.
O som dele sugando com força o lábio inferior dela, o ruído úmido da língua rodopiando dentro da boca — tudo aquilo sacudiu os nervos de Seo-Ryeong, provocando arrepios por sensações desconhecidas. Sua respiração falhou, e um som baixo, rude, misturou-se à sua expiração.
“Ugh!”
As pálpebras tremiam, quase em espasmo, e o ar lhe faltava. Sobre o que estávamos falando há pouco? Seus pensamentos não se conseguissem recompor.
Então, porém, uma sensação fria e esquecida a trouxe de volta à realidade. Seo-Ryeong agarrou a arma com força.
A partir daquele ponto, era realmente o limite. A atitude condescendente dele desde o primeiro encontro, os olhares de desprezo que por vezes perfuravam sua paciência — era ali que toda aquela cobiça e dominação a conduziam?
Mesmo assim… Não chegue mais perto. Ela cravou o cano da arma contra o abdome dele, pressionando com força.
A respiração pesada dele fez uma pausa por um instante.
“…”
“…”
Os lábios deles se separaram por um instante — um único segundo de ar, de silêncio tenso — antes que seus olhares se cruzassem. Então, Lee Wooshin a ergueu com um só braço, colocando-a sobre a beirada da mesa onde ela estivera encurralada.
“O quê-!”
Como se a provocasse a ir mais longe, ele pressionou o abdômen contra o cano da arma, encaixando o corpo dela sobre a mesa.
Sua silhueta imponente pairou sobre Seo-Ryeong, e, num gesto firme, ele segurou suas coxas, afastando-as. Seus lábios, novamente famintos, voltaram a colidir com os dela — mordendo-lhe a bochecha antes de mergulhar em outro beijo profundo.
Os olhos de Lee Wooshin não mostravam o menor sinal de medo. Pelo contrário — era quase como se o brilho neles suplicasse que ela atirasse.
O calor que emanava dos corpos entrelaçados era ainda mais intenso que o de seus lábios em guerra. Uma torrente impossível de conter.
“E-espera!”
Apesar do pedido desesperado dela, ele apenas a puxou pela cintura, aproximando-a ainda mais. Era como se dissesse, sem palavras, que só ela poderia pôr fim àquilo. O cano da arma se afundou no abdômen rígido e musculoso dele, e a intensidade daquela sensação fez um arrepio percorrer seu corpo.
Lee Wooshin era inteligente — absurdamente inteligente. Ao entregar-lhe a arma, transferia toda a responsabilidade para ela da forma mais ardilosa possível.
Mas o mais insano era o fato de que, por mais que Seo-Ryeong se recusasse a acreditar, ela não queria realmente apertar o gatilho. Seus dedos se contraíram ao redor da arma, depois afrouxaram, voltaram a apertar — até que, com outro beijo bruto, ela acabou deixando o metal escapar de sua mão.
Então, quando a língua dele se entrelaçou novamente à sua com destreza irritante, Seo-Ryeong reagiu — e desferiu com toda a força o cano da arma contra a testa lisa de Lee Wooshin.
“――!”
É verdade que eu não sei atirar, mas ninguém disse que eu não posso bater. Assim que aquela língua insistente se afastou, Seo-Ryeong viu a testa dele já avermelhada e latejante pela pancada.
Lee Wooshin franziu as sobrancelhas e falou com a voz rouca, quase num tom de deboche:
“Por que me bater agora, depois de aceitar tudo?”
Os lábios dele, vermelhos e úmidos de saliva, pareciam provocantemente tentadores.
“Porque eu me sinto um lixo.”
“…”
“Procurando meu marido enquanto fico me esfregando com outro homem pelas costas dele?”
“Eu nunca te mandei fazer isso.”
“…!”
“Então você não é completamente ingênua.” Ele sorriu de lado, passando a língua pelo canto dos lábios, como se achasse graça da situação. “Pode odiar o seu marido o quanto quiser. O resto… você resolve comigo.”
“…!”
Ele disse isso encostando os lábios no queixo dela. Seus olhos, ardendo de desejo e, ao mesmo tempo, observando-a com frieza calculada, tinham um brilho predatório inquietante.
De repente, o estômago dela se revirou, e um suor frio escorreu por sua pele. Parecia não haver saída possível.
Ao mesmo tempo, Seo-Ryeong se pegou estranhamente intrigada pela forma como Lee Wooshin expressava seus sentimentos com tanta franqueza. Mesmo casada, ela nunca fora capaz de ser tão honesta — vivia reprimida pela própria ansiedade.
Ela sempre desejara o amor incondicional do marido, mas engolia essas palavras, com medo de parecer demais.
E quanto mais vivia, mais percebia que a maioria das pessoas não queria despejar o próprio afeto em um poço sem fundo.
Mas então, por que ele… mesmo depois de falhar tanto quanto eu…?
“Eu até te disse pra sair e se divertir com alguém doce e bonitinho, não disse?”
“Ah…”
Ela realmente havia dito algo assim, uma vez. Na época, se preocupara de verdade que o instrutor acabasse criando uma visão distorcida das mulheres.
Seus olhos vacilaram, sem saber como reagir àquilo.
“Eu não acho você fofa, mas acho você forte. E sexy.”
“…!”
“Você me mostrou quem é de verdade, eu te treinei, e logo vou até derrubar a vice-chefe por você. Eu tô te dando tudo o que você pediu… mas não acha que tá sendo um pouco fria comigo?”
“…”
“Então, por que não me diz diretamente o que sente?”
Seo-Ryeong quis poder voltar no tempo. Jamais imaginou que o instrutor, aquele homem tão severo de antes, agora a empurraria ao limite daquele jeito… Que a devoraria com tanta intensidade.
O modo como ele ultrapassava suas barreiras com tamanha ousadia a deixava apavorada. Ela só conhecera homens como Kim Hyeon; cautelosos, respeitosos. Nunca alguém que se impusesse com tamanha força, que a fizesse perder o chão assim.
“Não, Instrutor! Não, Chefe de Equipe.”
“Sim?”
Assustada, ela tentou empurrar os ombros dele, mas ele apenas entrelaçou os dedos em sua cintura delicada. Um suspiro escapou de seus lábios.
“Eu… eu nem consigo mais confiar no que vejo.”
“Mas ignorar o que está bem na sua frente também parece tolice.”
“…”
“Te garanto, não há ninguém tão grande e… torto quanto eu.” Ele sorriu, como uma serpente sussurrando palavras tentadoras, incitando-a a provar o fruto proibido. “Se quiser, pode acender a luz e examinar tudo com uma lupa.”
“…!”
Era uma oferta tentadora, mas algo dentro dela se contorceu. Aquilo parecia um desastre inesperado para alguém como ela, que sempre focara apenas no marido.
E se ela o rejeitasse… E, com isso, destruísse tudo o que haviam planejado juntos?
Justo agora, quando mais precisava unir forças… Seo-Ryeong sentia como se estivesse sendo posta à prova.
“Seu marido te traiu. Por que você não pode fazer o mesmo?”
“…!”
“Dormir com outro homem, Seo-Ryeong… esse não é o verdadeiro crime.”
Ele era como um tipo perigoso de vício — como comida congelada —, algo capaz de abalar os alicerces da determinação que ela lutava para manter firme.
Nem o desaparecimento do marido, nem o poder sufocante da SNI se comparavam à ameaça que aquele homem representava. Nada era tão imprevisível ou perigoso quanto Lee Wooshin. Ele a perturbava de um jeito que nenhum mistério ou incerteza jamais conseguira.
“O que exatamente você vê em mim, Instrutor?”
A mulher gentil, bonita e frágil de antes já não existia. Nenhum traço da pessoa que costumava agradar aos outros havia restado.
E ela nunca mostrara nada disso a ele. Então… o que diabos ele via nela?
“Ah… você não sabe?”
Apesar do vinco na testa, Lee Wooshin ergueu a mão e afastou delicadamente uma mecha do cabelo bagunçado dela.
“Às vezes, você age como uma verdadeira… desgraçada.”
“…!”
Ela não esperava nada romântico… Mas mesmo assim, foi como levar um golpe na cabeça. Alguém rir, de forma tão leve, da parte dela que sempre escondeu com vergonha… a deixou completamente sem palavras.
“Mas é exatamente isso que me interessa. Quero me enfiar nesse espaço que nem eu entendo direito. É por isso que estou fazendo tudo isso: arriscando meu orgulho por causa da Agente Han Seo-Ryeong. Você feriu o meu ego… e muito.”
Vozes ecoaram pelo corredor. O som pesado de botas militares e conversas altas passou rapidamente.
Mas, naquele instante, toda a realidade pareceu se dissolver, restando apenas o contorno nítido do sorriso dele.
Como era de se esperar, ela não conseguiu puxar o gatilho.