Tente Implorar (Novel) - Capítulo 19
A única coisa que Winston ofereceu a Sally com polidez foi o par de meias.
‘…Certo. O que esse lunático está tramando?’
— Vamos lá, vista-se.
Disse ele, com um sorriso torto, como quem espera um elogio, balançando as meias finas diante dos olhos dela como se fossem um presente de aniversário.
— Ou quer que eu a vista, nobre senhorita Bristol?
— Capitão, por favor. Me desculpe de verdade.
Ela implorou, e ele apenas sorriu, pendurando as meias sobre o casaco. Sally puxou os joelhos contra o peito e encolheu ainda mais o corpo.
Mesmo mergulhada em água quente, mãos e pés estavam gelados. Era a impotência que congelava. A pior das situações. Não podia fugir, estava nua. E brigar desse jeito era quase uma sentença. Teria que lutar expondo todos os pontos vitais do próprio corpo.
Sally se sentia como um peixe no aquário de Winston. Que tolice a dela ter saltado sozinha pra dentro dele… Bastava um único sopro e ele a pescaria, jogaria sobre a tábua e a devoraria com aquele apetite insaciável que ela já conhecia bem demais.
— Capitão, por favor… me deixe ir. Eu juro que nunca mais uso o banheiro.
— Hmm…
Winston respondeu com um sorriso que só alcançava os lábios. Os olhos, no entanto, eram os de um leão faminto diante de uma presa tenra, ainda respirando.
— Pode me avisar com antecedência da próxima vez? Assim eu entro junto. Mais cedo.
Ele desabotoou a camisa com a calma de quem sabe o efeito que provoca. Puxou os punhos até os botões cederem e as curvas firmes do peito surgirem, sólidas sob a luz baça do cômodo. As mangas foram dobradas devagar, abaixo dos cotovelos, revelando antebraços lisos e definidos, onde a sombra brincava entre os sulcos dos músculos, como se cada fibra tivesse sido talhada à navalha.
Mas não eram só os músculos que pareciam feitos de pedra.
Ao lançar um olhar de esguelha para aquele corpo exposto, Sally sentiu o medo se aproximar — rastejante, inevitável. A ideia de ter que enfrentar um homem assim, com as próprias mãos nuas, colou-se à espinha dela como suor frio.
Sally passou pela mente as técnicas de defesa pessoal que aprendera e já usara, memorizadas como um mantra silencioso.
…Melhor evitar o pior cenário. Mas o que seria pior? Ser obrigada a dormir com aquele homem, ou lutar com tanta habilidade que acabasse denunciada como espiã?
— Posso lhe dar um banho especial. Algo que a Srta. Bristol, que está se esforçando por mim, merece.
‘Eu é que sofro por sua causa, não por você.’
Sally mordeu o lábio, tentando segurar as lágrimas que teimavam em escapar. Aquela situação só piorava a cada instante.
Normalmente, Winston seria leve e sarcástico quando algo o irritasse, mas agora, seus gestos e palavras leves não tinham traço algum de ironia. Ele realmente se regozijava como uma criança que recebe seu presente de Natal oito meses antes da hora. Isso significava que nenhum pedido de desculpas desesperado iria funcionar.
Além disso, ao contrário da calma do tronco de Winston, enquanto ele enrolava o outro punho da camisa com desprezo, a parte de baixo do corpo parecia impaciente — o botão da calça já tensionava como se fosse arrebentar a qualquer momento.
‘Esse desgraçado está sempre no cio…’
— Gasp!
Depois de dobrar as mangas, a mão dele se voltou para o cinto preto de couro.
— Por favor, não tire isso!
— Quer que eu entre vestido?
Ele inclinou a cabeça para Sally, como se ela tivesse dito algo absurdo.
— Você está nua, mas se eu estiver vestido, seria uma grande falta de respeito.
A mão dele desabotoou a fivela do cinto e abriu a calça num movimento só. Aquele desgraçado realmente estava pensando em entrar na banheira.
— Kyaaak!
Enquanto agarrava a calça e a roupa íntima para puxá-las para baixo, Sally apertou os olhos e soltou um grito.
Quando o som dos passos dele se aproximou, acompanhado de uma risada, ela se encolheu ainda mais, sentindo um movimento ao lado da banheira. Um baque surdo indicou que algo pesado havia caído no tapete ao lado da banheira. Ao mesmo tempo, o barulho estridente da fivela do cinto soou no ar.
Ele realmente havia tirado a roupa. E se entrasse na banheira…? Apesar de saber que não era hora de fechar os olhos, Sally não queria abri-los para encarar aquele corpo nu.
Enterrou o rosto entre os joelhos e se encolheu, tremendo quando um dedo tocou sua orelha. Ela sacudiu a cabeça, incrédula. E então, um sorriso irônico sussurrou em seus ouvidos.
— Não tirei a roupa. Abra os olhos.
Ela os abriu devagar e, ao olhar para o lado, viu que Winston estava mesmo vestido. A raiva veio instantaneamente depois do alívio. Ele zombava, fazendo parecer que iria atacá-la. Um péssimo trote.
Ainda assim, a raiva deu lugar ao constrangimento. Winston sentou-se no tapete, com um cotovelo apoiado na banheira. O rosto de Sally virou-se para a reflexão enquanto ela, tardiamente, lembrava-se do que estava no tapete.
‘Minha roupa íntima…!’
Ela esticou a cabeça e olhou para o tapete, ainda encolhida.
‘…Maldito safado tarado.’
Winston segurava a calcinha que ela tinha deixado caída no tapete na mão oposta. Nem parecia ter a menor intenção de esconder a frente das calças.
— Ah!
Um dedo apoiado na borda da banheira cutucou a bochecha de Sally.
— Você passou o remédio que te dei?
Sally perguntou em tom vigilante, desviando para o lado da parede.
— Capitão, você está bêbado?
Mais uma vez, um forte cheiro de álcool emanava dele enquanto ele sorria.
— Fique tranquila. Estou bem o bastante para não fazer nada que vá me arrepender quando acordar amanhã de manhã.
Winston apoiou os cotovelos na borda da banheira e descansou o queixo nos nós dos dedos levantados. O vento soprava leve enquanto ele aproximava o rosto — parecia que, a qualquer momento, ele iria estender a mão e agarrar o corpo dela. Até o piscar dos seus olhos deixava Sally inquieta.
— Só quero conversar. Faz alguns dias que não nos vemos, não é?
Será que ele pensava que eles eram amantes incapazes de ficar um dia sequer longe um do outro…?
Sally pensava que conseguiria viver sem vê-lo. E agora, ele queria conversar com a mulher nua, presa naquela banheira…
Era uma mentira escancarada.
— Se quiser um relatório, não aconteceu nada nos dias que você esteve fora.
Ela segurou os sentimentos que fervilhavam por dentro, mas sua voz saiu fria como o vento. Não podia demonstrar hostilidade — Sally precisava fingir ser a boa e obediente empregada. Mas ele testava sua paciência com tenacidade.
Ela pigarreou e emendou com um tom amável:
— Então, pode ficar tranquilo, Capitão.
— Sério? Então, por que foi a Winsford há alguns dias?
— …Como?
Como ele sabia onde ela esteve? Passou por ali? Ou foi por causa da arma, que ele mandou alguém segui-la? Mesmo assim, ninguém a seguiu pelo beco no caminho para casa.
— Você me viu?
— Sim.
— Mas por que está perguntando isso?
— Foi bastante irritante. Não consegui me concentrar no trabalho.
— E por que isso atrapalha o Capitão? Se está sufocada, uma escapada para a cidade grande é um alívio.
— Com seu noivo.
— É…?
— Essa escapada é tipo sair com seu noivo nu, como está agora?
— Meu noivo não está em Winsford.
— Então, você está dando uma volta fora de Winsford?
— …
A empregada encarou o homem que a insultava. O lugar da mulher era de dama em terra rural. Ficava mais interessante quando essa mulher não sabia seu lugar… Como agora, quando ela tomou conta da banheira do patrão.
— Então, onde está seu noivo?
Sally olhou para Winston com calma.
Winsford, noivo… Por que ele se metia em coisas que não lhe diziam respeito?
Jimmy achava que Winston a via como mulher, mas Sally pensava diferente… Para aquele sujeito, ela era só um lenço usado para masturbação.
Seriam aquelas perguntas uma armadilha?
— Vai chamar a polícia por causa da arma?
— Então, vai fazer de tudo para salvar seu noivo?
— Não.
Leon não conseguiu conter o riso quando a empregada recusou suas palavras assim que ele terminou de falar. Não era sua intenção, mas ele não imaginava que conseguiria ameaçá-la e fazê-la abrir as pernas.
— Diz que está noiva? Parece que ele ia levar uma punição, e você vai deixar assim?
— Tenho que cuidar de mim mesma.
Claro que aquelas provocações sarcásticas não refletiam a sinceridade de Sally.
Jimmy não era seu companheiro de vida? Por mais que o perigo rondasse, ela não desistiria até o fim e o salvaria. Era só uma forma de evitar assuntos desconfortáveis.
— Ah, entendi.
…Será que funcionou?
Winston riu sozinho e procurou algo no bolso do paletó. Mexeu nas roupas até tirar uma pequena caixinha da mão, de onde puxou um doce vermelho, oferecendo-o aos lábios de Sally.
— Comprei pensando em você.
Surpresa, ela abriu a boca sem perceber, e ele enfiou o doce entre seus lábios. Sally franziu a testa, rolando a pequena bola com a língua, reflexivamente.
‘Acho que ele está bêbado…’
Comprar um doce pensando nela — coisa que amantes diriam um para o outro.
Leon observava atentamente a mulher chupando o doce, com a bochecha inflada, sem saber a verdade sombria por trás daquelas palavras. Se ele colocasse o pênis naquela boca pequena e empurrasse, será que as bochechas dela também inchariam assim…?